quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Renascimento de um Poema

Foto: Google

Renascimento de um Poema
No relevo das linhas
Alvas & Escuras
Reinam o tempo das festas
Do consumo, do Natal do Velho Ano Novo
Real e sublime ilusão
De Guerras em movimento
Fértil será a nova estrada
Que perdure então a sensação do Poeta
Conduzindo suaves e tensas poesias
Cheias do vazio dos dias, transbordando o coração
De quadras que não mais existem
No momento da ausência total das letras
A revelação da luz crepuscular
Suaviza a presença da carência das rimas
Das métricas – da compreensão – do desenlace
E ao olhar - no sentido das direções
Um clarão Azul renasce - ansioso no aceno do sonho
Por um sentimento confuso.
Reflorescendo páginas - do então
Perdido & aberto livro da existência.

domingo, 8 de novembro de 2009

FACES & FARDOS

Fonte: Google
Em cada caminhada, nas ruas, na mata – no espaço
Vácuo
Quando encontro faces
São caladas, mudas, ébrias na mata densa
Emitem o tom de tombar
Miséria da escrita toda
No isolamento em capelas espinhosas
Da janela contemplam – a ilusão da varanda de cristal
Ao caminhar demais, com os pés em chamas
O pulmão cansado – O coração extenuado
A senda ameaça a voz árida
São passos ermos, trilhas vazias...
Não encontro o Sol nascente
Passo
Onde vagam códigos velhos
Vago
Pelo poente
Carregando energias de provérbios domesticados - antigos
Fardo
Farda
Peso
Vestindo pensamentos, verves...
Na fuligem do olhar – cansado.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Pós-Poesia

Foto: Google
Pós-poesia
O gesto desvenda o mistério da ilusão
Escondidas noites
Em palavras comun-idades
Percurso do tempo
Vai chegando a hora
De iluminar espécies raras
Mas, isso não basta
O segredo
da palavra
está

Ainda são palavras retas...
No clamor cíclico do Poeta
Everaldo ygor - outubros 2009.

domingo, 27 de setembro de 2009

Ladainha da Nossa Senhora da Poesia


Através de nós a palavra cai
Algo sempre passa
Até a morte vertical
Passa, passa, passa...

Na caixa de sonhos
Entreaberto espaço
Longe dos jardins
Gargantas ladeadas pelo Mar
Sempre, sempre, sempre...

Lembranças - hoje aos farrapos
Ficava antes em olhares celestes - agrestes
Devaneios trapos
Vento noroeste
Vento, vento, vento...

No som do esquecimento
De tantas passadas ondas
Abstrato lamento
Que teima - ainda sonda
Eu lembro, recordo, canto e sussurro:
Sonho, sonho, sonho...

Primavera de 2009
Obra: Mary Magdalen in a Grotto de Jules Josef Lefevre 1876.
Obs.
A ladainha deve Ser recitada direcionada para o Sol nascente, sempre as
6h. da manhã durante a primavera usando bruma leve e um gole de aguardente barata.

domingo, 6 de setembro de 2009

Tábua das Marés

Fonte Google: A Tábua de Esmeralda - Hermes o Trimegisto

Tábua das Marés
Água salgada de flutuações solitárias
São lágrimas desferidas sobre humanos
Anunciando juras passadas
Antes...
Sinais em tábuas flutuantes

No desenho precioso - preenchendo espaços
Na mão deixando de Ser vazia
Agradável alado além do sonho

O verso esgota
Silenciosa escrita no turbilhão de ondas
A maré sobe dentre rochedos vagos
Transbordando profusas canções
De um ancestral Blues no compasso Lunar
Inscrição da Tábua das Marés...

Everaldo Ygor - Agosto e Setembro de 2009.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

O TEAR

Fonte: Google

1
Hum
Uma
Lufada de palavras
Decompondo vocábulos, transformando em letras, números,
modifica-se em pontos, finalmente desaparecendo...
Engrandece pequenos versos – devota-se ao vazio
Contínua desconstrução do verbo verso seco;
Sapatos
Meias
Cachecol
Um tear que tece fios invisíveis - caminhos
Sensações - pensamentos
Coloridos, tecem palavras...
Preso em madeira, nas mãos - cabem vários mundos

No mistério das cores
Tecelão das letras
Vai sorTear vidas.

sábado, 11 de julho de 2009

Pináculos

Pináculos
Caminhos da imperfeição – nefasto vazio iniciando sua ode.
Ondas em
Campos ermos, letras & pensamentos plebeus - funestos.
Qual o ponto mais alto do vazio da planície mental?
- Quando a força do vento frio esmerilar a face, será o recado sutil da saudade golpeando os sulcos profundos do rosto rústico - limbo libertino.
Metamorfoseando falas, morfologicamente espirituais...
Homofonia, que rima com Seres ausentes nunca antes presentes.
Ecos vaginais transitando em arenas constituídas de becos.
Hastes antes - perfurando lóbulos frontais - itálicos

Tiram o fôlego do recital poético – mudo o mundo vai lanceando.
O lábio inferior desliza no caule letra...
A língua seiva esguia - pronúncia do seu destino
O ar rarefeito termina seu verso no planar suave da travessia
vôo rasante da cursiva escrita.
Ante olhares alheios - na passagem da vida para o espírito livre – preso – sempre!
Lacuna da essência fina que me falta...


Everaldo Ygor - Inverno 2009.



* Obras de Remedios Varo (1908 - 1963) - Bordando o Manto Terrestre e Papilla Estelar.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Folhas Anoitecer

Foto: Google

Crepúsculos
O crepúsculo das palavras, das linhas...
Um atrito inaudível, implacável ao som dos ventos.
Ao escrever, o som propaga no papel, tal qual o som do movimento das nuvens – das curvas, ruído imperceptível.
Da queda de flores & folhas no inverno imortal - austral.
Um arrasto quase eterno, mesmo em dias azuis ou de papéis sem linhas, elas estão lá.
A poesia toda não cabe nos dias, mas adentra o meu coração.
A poesia deve Ser expressão da alma e a toca no mesmo entardecer...
É para os dias - ainda que não caiba neles...
Mas, de algum modo cabe...
Permite reinventar
Linhas...
Caminhos...
Pensamentos...
Sentimentos...
Ela própria...

escutando
Diante folhas vazias - contemplo da janela mais um crepúsculo alvo.
Iluminada embriaguez, balança.
E o vento me faz flutuar.

Everaldo Ygor – Junho 2009.

sábado, 6 de junho de 2009

ADÁGIO

Foto: Syl Vigarani
~
...A poesia é vibração, acontece antes do pensamento...
Um lampejo da alma que sente dor, mas que também graceja em dias fuleiros.
Não se enquadra nas tradicionais quadras dos dias...
Ao 'Ser' apreciada, provoca mudança sutil no coração, acelera reles batimentos.
A alma vibra em sua plenitude e talvez, talvez...
Atinja milhões, milhões de moléculas vibracionais,
lançando assim em campos antes inférteis,
um fulgor radiante - diante trevas, escuridão crepuscular & solidão.
Transpassando a profunda marcante gilvaz na face Amorfa.
Uma nova/velha Luz - reinventando letras, linhas & caminhos...
Narrando mistérios inaudíveis, perpendiculares ao sentimento,
iluminando angústias ancestrais do adágio... E os sentidos, eles os outros em nuance P&B.
- Vetor luminoso - vertical sobre e sob o que se pensava inatingível e ausente até então...

Everaldo Ygor - junho de 2009.

sábado, 16 de maio de 2009

... A P A L A V R A ...

...A escrita torna-nos selvagens. Regressamos a uma selvajaria de antes da vida. E reconhecêmo-la sempre, é a das florestas, tão velha como o tempo. A do medo de tudo, distinta e inseparável da própria vida. Ficamos obstinados. Não podemos escrever sem a força do corpo. É preciso sermos mais fortes que nós para abordar a escrita, é preciso ser-se mais forte do que aquilo que se escreve. É uma coisa estranha, sim. Não é apenas a escrita, o escrito, são os gritos dos animais da noite, os de todos, os vossos e os meus, os dos cães. É a vulgaridade maciça, desesperante, da sociedade. A dor é, também, Cristo e Moisés e os faraós e todos os judeus e todas as crianças judias e é, também, o lado mais violento da felicidade. Acredito nisso, sempre... Marguerite Duras, in "Escrever"

A palavra é segredo
Reproduz sons e vibrações inaudíveis
O desaparecimento da expressão do corpo
Faz da solidão um riso barroco
A suposição maléfica, errante – faz da fumaça um excesso vulgar
Na ausência da água insinua-se o sinônimo da sede
Na surda causa do Tempo, a palavra consolida consoantes acalentadas
Perturbada já a serenidade – linhas não são caminhos
Nem revoluções, apenas silenciosas cascas quebradas
Na ausência do rosto insinua-se o antônimo da suavidade
E assim o som se fez segredo
No coração inconstante dos dias – da idade vácua visual
Subverte-se o verbo diminuto, a escrita não representa – ela acontece
Evidente terrível de isolamento incompreensível – indelével
Da árvore cai o fruto que virou pedra, atônito olhar frígido
Vai pontuando com cravos enferrujados, vital sentido do clamor no exílio
Arde o corpo com dor imprecisa – interior - facial
Agora a face vira palavra.
Everaldo Ygor
Maio 2008 & Maio 2009.

terça-feira, 28 de abril de 2009

RESILIÊNCIA

Everaldo Ygor - 2009

segunda-feira, 13 de abril de 2009

"Homenagem Póstuma"

Foto: Seu João - Autor Desconhecido
1938 - 2009
*
Seu João - era assim que conhecíamos o Pai do Celsão, esposo da Dona Maria - justamente o mês de Fevereiro enterrou o contador de histórias, era assim que víamos o falante Seu João... Essa crônica foi feita e desfeita várias vezes, tomou corpo na quaresma dos dias de Março... E finalmente publicada em Abril, depois do misterioso desaparecimento de sua foto que ressurgiu no domingo de páscoa dentro de um CD de Blues.
No dia em que plantamos o Peixe Grande, um dos presentes me disse que era difícil esquecer suas histórias, que ao deitar sempre vinham à tona, ilustradas, com os ecos da voz do Seu João. Isso mesmo, não enterramos, plantamos sim a semente do contador de histórias, para brotar mais tarde a fabulosa árvore dos pensamentos... Era um plantador de árvores, estão lá na Vila Sabrina, gigantes nas cercanias onde andou, plantou, contou – existiu, era um gigante. E lá em seu quintal rodeados por árvores guardiãs fazíamos nosso sarau, a Festa da Árvore.
Foi um guerreiro, um anfitrião, venceu várias vezes o seu marca-passo que teimava em falhar, venceu a velhice com suas narrativas e resolveu passar para outro plano assistindo TV junto com a sua família... Um dia antes, a Naomi, a cachorra da família se foi, antecipando e já fazendo mais uma história para o Peixe Grande, um de seus últimos repertórios nesse mundo.
De suas histórias, de jagunços, tiroteios, assombrações, festas que resolveram acabar e acontecimentos fantásticos nas estradas Brasil adentro, ficam encravadas nas mentes de quem o conheceu, e agora vamos multiplicar suas falas lançando os ecos de suas histórias e falas em todas as cercanias possíveis e impossíveis.
O filme Peixe Grande, de Tim Burton era a sua biografia, era personagem e contador, Seu João era uma bela fábula contada em voz mansa com tom interiorano, narrativas floreadas e vida simples como deve Ser... E a sua foto em semelhança com Kaspar Hauser e seu enigma, segurando a Santa com seu olhar penetrante. E o par de calçados, lançado nos fios de alta tensão, estão lá, em frente a sua morada, a nova, a velha, só os verdadeiros contadores é que sabem seu significado, enfim não precisava escrever nada, tinha o dom das palavras, da oralidade e isso já basta... Visto sua foto culminante - ai em cima, ai no alto – bem no alto... E como dita a tradição das antigas - bebemos Seu João no mesmo dia, na mesma hora. Lá estávamos todos nós, a sua volta, sem o rio em nossa frente, com a família, amigos e ouvintes incautos do Seu João, a terra caindo sobre a madeira e nós sobre a terra caminhamos mais uma vez...
Diz a lenda, Africana - que nas profundezas de todo rio mora um Peixe Grande. Cercado sempre de peixinhos menores e invisíveis o Peixe Grande é o guardião do Rio, enquanto ele estiver presente nada de ruim pode acontecer com o Rio ou com sua fauna e flora.

Adeus, até mais Seu João...
*
Everaldo Ygor - Quaresma 2009.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Línguas

Foto: Everaldo Ygor - Línguas
Ouvido oco
Outono sono
Veias vazias
Sonhos lutos
Reflexos vagos



Vozes gestando invernos...
- Línguas


Nublados ferventes
Selvagem distância
Incerto tempo
Instantes vivos
Alucinada realidade.

Everaldo Ygor - Quaresma 2009.

sábado, 14 de março de 2009

Dia Nacional da Poesia, 14 de Março...

Foto: Everaldo Ygor
Tinta guache, pincel, copo com água...
Papel
Tinta vermelha, azul, preto e amarelo...
Mãos do meu sobrinho e afilhado Luan
Bagunça & Poesia!
14.03.2009

sábado, 7 de março de 2009

(Tibouchina Granulosa)

Foto: Serra da Canastra
*
As letras são fagueiras
Navegam intrusas em folhas e telas
No mistério do não escrito
E as flores, as cores, os sós
São repletos de “Eu” - migratórios...
Ao contemplar Serras & Cercanias,
Em outrora época do ano
Algumas árvores ficam repletas de flores:
As Quaresmeiras,
As flores aparecem apenas durante a quaresma

São lindas cercanias
Ainda - algumas não nascem
Inspiradas no irreal mistério do não florir.

*
Everaldo Ygor - Março 2009.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

'Límpidos Torpores'

Foto: Vladimir Kush

Límpidos torpores

Dos
Dias são assim...
Ilustrados com sonhos travessos
Aflitos Seres
Distantes sonhos
Do Tempo em um instante
São Seres distantes
Do Luar – longe quase sem ar
São lugares de rimas inermes
Onde o Rio encontra o Mar
Sem força para respirar – consolar
No remanso do sonho
Procurando Oásis
Ainda risonho & descolorido
Estéreis instantes
Quando a ilusão alcança
A dança
Do epílogo da jornada marinha.

Everaldo Ygor - Fevereiro de 2009.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

.'.Fogo Sagrado.'.

Foto: Everaldo Ygor
Pequenos poemas
São como pequenas vértebras
Pesquemos palavras
Junto ao .'.Fogo Sagrado.'.
Para formar - belas colunas.
Everaldo Ygor
03 de Fevereiro 2009

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009