Pandemônio

Verão Pandemônio.

Na Perifa da ZN - Sol a pino - Fazia 40 graus.

O temor do corona vírus era recorrente.

Parou no boteco e tomou uma cerveja fuerte para refrescar.

Esqueceu de baixar a máscara...

Babou.

EY 2021.

Letras Soltas

Acolher-se em letras soltas

Formar novas palavras - historiar

Informar

Refugiar

Jogar acentos, vírgulas - sinais no espaço - ao acaso...

Versos e verbos congelados sopram a deriva

Derivados da tinta - do papel – do adágio

Caligrafia Sobrecarregada 

Risco de censura – de vida

Enfadonho pensamento vigente

Retrocesso - Intragável – Incerto

Permaneço flutuando, recolhendo coisas ousadas - fluviais.

Dentro d’água - ossadas biográficas...

A escrita atual é o risco flutuante

Imaterial 

Fluvial 

EY 2020.

O Fenômeno

Para acontecer precisa de Observadores

Raros               

Contemplativos

Conexão Atmosférica

Habilidade para voar

Historiar

Espécie sem Nome

Desafinada

Distinta

Incolor

Itinerante

Inspirada nos Poetas Antigos

Trovadores de músicas esquecidas - medievais

Escrevem desatinos reais

Da distópica história humana.

Poema Adjacente

Manhã, tarde e noite.

Igualam-se nos dias pandêmicos

A poesia triste não se cala

Sussurra

Para viver - Melhor esquecer - o Ser vivo

Proibido abraçar

Preparam-se para o luto invernal

Ausência de afeto

Mundo oco e vazio

Saudade da caminhada passada

Do seu...

Do seu Ser

Adjacente ao meu.

Existência Muda

O Tempo Sombrio

Hoje Intimida

Poucos Ouvem

Poucos Contemplam o Sol

Poucos Observam as Estrelas

Parar - Falar e Ouvir

Contar Histórias

É Relembrar

Que Existimos

Deslembro

Escreva seu Epitáfio

Breve - para os Incautos

Que conte sua História

Escreva um Poema de Alvorada

Sensível ao Mundo

Desesperado

Esperançado

Após a obra escrita

No despertar cansado

No amanhecer sonolento

A escrita permanece antiga

Amanhã - o epitáfio e o poema

Serão deslembrados

Vazio Escuro

Vazio Escuro

Vácuo da Criação

Insólita Noite

Inaudível e Denso Som

Apatia Ensurdecedora

Vai Fulminar Provérbios Inexplicáveis

Cérebro Vácuo

Entorpecido - Assombrado

Aguarda a Desconstrução do Seu Esquife

Feliz Aniversário

Crepúsculo de Aniversário

Envelheço Passo a Passo

Assopro a Chama Fraca

Apreciando o Céu Crepuscular

Não Encontro a Constelação de Aquário

A Tosse Insurge Gradualmente

Excêntrica Ação Impotente

Efêmera Comemoração

A Consciência Sucumbe Ante o Estado

Perpétuo Cansaço

Ecos das Festas e seus Pesares

Encontro Amanhã

Após o Crepúsculo

Na Celebração

Inércia Interior

Aqui Dentro

Lá fora

Observo Surgir a Inércia

Sem Cor

Vem Sabotar a Vontade Tímida

Revoltas Caíram

Caíram as Cortinas

Liberdade Ficou Nostálgica

Movimentos - Só da Penumbra

Passeatas Seguem de Olhos Vendados

Eu Sigo Observando

Distante – Deitado.

Abandono

Tempo

De Tempos em Tempos

A Alma Abandona o Corpo

Volta as Suas Origens

Cansada de Carregar Corpos Tão Pesados

Os Seres Preferem Trocar de Copos

Não Tocam os Outros - as Outras

Cansados - Atormentados

Coma Alcoólica Mensal

As Flores

Em sua Poética Perene

Florescem - Polinizam

Morrem

Renascem em Suas Estações

A Alma Abandona o Corpo...

A Perifa e Seus Ascendentes

Uma Palavra
Só

Vira Eremita

Vira Vida Aparente

Monossilábica Existência

Nos Becos Lânguidos da Perifa

Restos de Casas sem Janelas

Sem Porta - Sem Horizonte

Com Véu

Ascendentes e Coisas Sem Importância

Corpo Usado - Cansado

Ideia Desvanecida

Saudades da Fogueira

Da Água Fluindo

Da Caverna Antiga

Acolhida

O Silêncio Fundamental

Sopro Ébrio

Abala a Cortina Rasgada

Assombra o Ser Adormecido

Perfume Perpétuo

Segue o Latido do Cachorro Louco

Manhã - Tarde e Desmonte

Infinidade de Tormentas Cotidianas

Caóticas Arrastam para o Fundo

Ausentes Sonhos

Caminhantes Desatinados

Incautos - Não interagem

Sobrevivem

No retorno

O Silêncio Fundamental

Perdura

Ressente

Revoluções Fracassadas...

O Ser Poema

Descontínuo

Perdido

Escrita Sobreposta

Contaminado pelos Vícios de Linguagem

Tática Vazia - Olhar Inocente

Desvios Sem Humanidade

Consumia o Consumo

Do Pretenso Ser Poema

O Prazer do Deslocamento

Viajar

Por Trilhas Fantásticas

Ficções Reais

Se Você Parar - A Ilusão Retorna

Deslocamento Continuo do Prazer

Singularidade Efêmera

Rota de Fuga para os Dias

Encantos - Esperança

Encontro Interior

Outrora Nova Morada

Passos Cansados

Ousam Conhecer o Amanhã

A Escrita que Ama

Longínquo Ódio

Assim tão Perto

Derrota e Pranto

A Poesia Perde o Encanto

Mentes Vazias

Lá se Vai a Alegria

Coletivos Cansados

Circulando - Circulando

Lembra

Estenda a Mão

Um Abraço Beijo

Tão Longe - Tão Perto

Medo

Coragem

Luta!

A Escrita é Amor

Perda

Caminho

Encontro Amor

O Vazio Fascina

Havia Algo Errado no Ar

Pesadelos

Antenas

Telhados Quebrados

Espaços

Desertos

Devaneios

Marcas no Peito Apertado

Emboscada

Lixo no Chão

Deslumbre

Lamento

Convicção

Garrafa Vazia

Ressaca do Medo

Estou Fora do Eixo - Descoordenado

Cansado...

A Tempestade

A Tempestade

Desnudou as Árvores

Humanos Também

Montanhas Calvas

Dinheiro - Vestes e Folhas Voando

Vaidades Voam Alto

Poeira

Cisco nos Olhos

Vendaval é Combate

Dias Sombrios - Sufocantes

Padecem as Teias Estruturais

Do Coletivo

Da Liberdade

Do Ar.

Cabaças Quebradas

Forte Dor de Cabeça

Causa Tonteira

Frontal - Total

- A Causa é Ressaca

- A Causa é Desejo

Dor é Comunhão com Abismos

Absoluta

Aneurismas Vibrando

Absurdas Amarrações

Analgésicos combinados ao Álcool

Mergulho Cego e Perturbado

Sobressalto Angustiante

Desorientação

Cérebro Sobrecarregado

Curto Circuito

Quase Poema Brotou da Dor...

Cabeça

Cabeças

Cabaças Vazias

Quebradas

Saudades das Escrituras

Saudades de Um Poema que Perdi

Perdi o Sono Também

Asas e Folhas ao Vento

Livres Voaram e Levaram a Poesia

Pensamento Tentando Lembrar

O Sopro do Vento

A Direção da Onda - do Voo

Saudades das Escrituras

Do Título

Das Folhas na Rua

Passando o Verso

Pensando no Verso

Seu

Meu

De Todos e Todas...

Saudades de Você.

Primavera Boreal

Primavera Misteriosa

Às Vezes até Silenciosa

Disseca a Terra

Renasce em Flor

Sol - Cor e Luz Iluminam Lentes e Pupilas

Anestesia e Cura da Escuridão dos Dias

O Som do Vinil Antigo

Riscado como deve Ser

Faz Ventar no Equinócio

Dança das Fadas no Rebojo das Flores

No Arranjo Floral - Boreal

Trégua na Estação

Para Apreciar Poesias

Recordar que Existimos

Feito Casulos

Ora Borboletas

Ora Frágil Seda.

O Sol Opaco

O Brilho do Sol

Ficou Opaco - Apagado

Cegueira, Poluição - Depressão.

O Calor Amornou

A Imensidão Solar

Não Aquece Mais

Frio Interno - Externo

Noite e Dia de Friagem

Vadiagem Atemporal

O Vento Solar Esnoba

Encarece o Frio

Fresco Tremor

Enlouquece Olhares

Sem Circulação - Ar Pesado - Frio

Pés Inchados

Deixa Eu Te Acender De Novo

Nascente Alcoólica

Catástrofes Cristalinas

Fluindo

Enlouquecendo

Pensamentos e Corpos

Cai a Mascara

Sobre o Asfalto

Nascente Alcoólica

Embriaga

Em Único Gole...

Trilha Silenciosa

Acredito nos Vendavais

No Vento Forte que Vem do Norte

Castiga as Velhas Estruturas

Subjuga o Indivíduo Coletivo

Nas Sombras - Dias Sombrios

Na Orla da Extinta Liberdade

Convulsões Mentais

Escritas Incompreensíveis

Não Falam

Rastejam na Trilha Cansada

O Ser se Cala.

Horizonte de Eventos Poéticos

A Periferia

Foi Feita de Caminhada

Produziu Samba e Poesia

Pagode, Funk e Várzea.

Desatino Criativo Periférico

Resiste Sob e Sobre o Céu - Terra - Inferno

Às vezes Escutamos o Chamado do Centro

Outras - Vamos para mais longe nas Bordas Periféricas

Horizonte de Eventos Culturais da Resistência

Arena da Ocupação

Do Sarau - Das Mulheres - Dos Homens

Dos Seres - Ex Seres

Dos Novos Velhos Passos...

O Retorno da Insônia

Insônia Perene

Raro Sono Suave

Noturna Alvorada que se Perpetua

A Senha do Descanso foi Perdida

Retirada Pálpebra Empoeirada

Sempre Aberta

Olho Seco - Cérebro Travado

Pupila Dilatada

Interação com Sombras

Anuncia o Apocalipse da Loucura

Dor - Tremor Interno do Sistema Nervoso

Sem Canção de Ninar

Amanhecer e Anoitecer com os mesmos Tons

Fotossensível Alucinação de estar Acordado

Aprisionado

Epígrafe dos Dias

Sociedade Fria

Corações Frios

Olhar Frio

Utopia Gélida

A Vida Persiste Dura - Veio nesse Vento Gelado

Interior Sem Aconchego

Resquício Invernal

De Um Café Frio sem Aroma

Ilustra a Epígrafe Fria dos Dias

Só para os Raros

O Ar é Raro

A Boa Literatura é Rara

Água Potável é Rara

A Vida no Universo é Rara

Humanos são Rarefeitos

Mas, todos e todas um dia cometem Erros...

Erros não são Raros.

Haikai à Deriva

Poesia à Deriva

Deriva das Ondas

Poetas Dervixes

EY

Distúrbio das Funções Poéticas

Moléstia que Não Cura

Dor Distraída - Distante

Fala que Fere - Lanceia

Jeito Sinistro - Calado de Articular ou Desarticular as Coisas

Olhar Defumado - Defeituoso e Dissimulado do Tempo

Peregrinam nas Ruas as Máscaras Falsas - Vazias

Observam Postes Parados

 - Falsos Passos

 - Falsos Profetas

 - Falsos Poetas

Verdadeiros - Palpáveis Livros e Poemas Queimados

Sombras, Copos e Ossos Quebrados

Dentro - Fora do Caos - Estilhaços

Inspira

Impera O Silêncio da Mente Sustentável

Incapaz Paradigma do Mal

Profanada Poluição Mental

Mais um Dia de Cova Rasa Intelectual

Aguardo Tranquilo o Crepúsculo da Palavra e do Globo Ocular.

EY

Lembranças

Explícitas Horas

Lugares Lembram

Amores

Filmes Novos - Antigos

São Pedaços Nossos

Às Vezes Aventura

Drama - Cama

Carma

Erros - Vingança

Vozes - Ecos

Chiado

Chorar Calado

Por Segundos

Ou Até Horas

Suplicar

Mesmo Soluçar

Depois Descansar

Seguir

Viver e Orar

Rosnar

Gatilho

O Que Aciona Um Poema?

Repertório

Universo

Alma

Tempo

Olhar

Descrição

Alucinação

Fev. 2000

Oferendas

Pensamentos - Páginas e Flores

Foram Depositados

Nas Esquinas Esquecidas

Desertas - Vividas

Leitos de Caminhadas

Canais de Destinos

Noturnos e Profundos

Secos no Sutil Relevo da Sombra

Morrem como Flores - Páginas e Pensamentos

Rito Verbal de Passagem

No Rito de Passagem

Apartaram-se

Seres e Letras

Experiência das Pedras

Hora Humana

Hora Vendaval

Cataclismo Existencial

Ardor Caótico de Dor

Ser Distante da Divina Natureza

Consumido pelo Consumo

Dos Dias Verbais

O Livro Original

Dentro da Cabeça tem Livros

Dentro do Livro

Palavras

As Histórias

As Vidas

Personagens de Dentro - De Fora

Ficções e Realidades Paralelas

Andanças Autorais

Olhares do Autor

Olhares das Autoras

Do Leitor

Dos Outros

Devaneio Poético do Sonho

Real

Transfigurado em Obra.   

Consciência Não Verbal

Consciência Verbal

Acentos, Concordâncias

Rimas e Métrica

Podem Ser Tocaias

Viver Pode Ser Tocaia

Escrever é Tocaia!

Pausas Desfalcam - Escondem Textos Luminosos

Atrás da Palavra Dura

Existem Versos Livres - Soltos

No vento - Na Boca

A Língua Treme - Vibra

Reaparece Acústico

Pesado - Metálico

Renasce o Som Vocálico

Canta sem Ritmo Respingando o Melancólico Poema Luz

Para Você Ouvinte Incauto

Desamparado - Só

Só Para Você...

Manancial Poético

Manancial Poético

Cultivei nas Margens a Existência

Magmático Instante

Imantado na Vontade Alcoólica

Cambaleando a Revelia

A Saliva Quântica Chuvisca 

Ouvindo Zumbidos e Decifrando Resmungos

Excesso de Vida que Vai, Flutua - Sobra.

Transborda Marginalidade

Sequela Retórica - Dureza Robótica 

Árido e Perpétuo Labirinto Ciliar 

Faltam Seres e Peças de Reposição

Sobram Ressacas Personalizadas 

Devastado vai Espalmando Almas, Muros e Chão...

Precipita-se na Intolerável Margem Vazia.