quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Invernada Verão

Crônica - Invernada Verão
O verão virou inverno, deixou de acolher as vozes de ternura e poesia. Escureceu deixando de projetar as cores inquietas.
São poucas as nuvens que rasgam...
No silêncio do vento que vem do norte, tento decifrar essa linha tênue e fria que vai até o coração. Sinto que o Sol está lá escondido, fugindo da chuva cinza. Assim a chuva acida não vai arder em chagas reabertas. As palavras íntimas pedem recesso aos olhos comovidos, pois tiveram presença na desesperança da guerra. Os olhos estão secos, sem lágrimas, míopes diante tamanha invernada. Fico sem ansiar pelo anoitecer, muito menos pelo amanhecer, caminho apenas em superfícies mornas sonhando com gestos íntimos de poesia livre.
Ávido é o desejo por um novo coração, nova canção, livre da empunhadura de botas, fuzis e capacetes, espírito novo e purificado, fecundo de novas criações. Para essa estação, minha oferta do dia é um chá de Jasmim, vai acalentar esse inverno, líquido quente que me enternece o chegar, espalha perfume de flores e cores, faz minha voz transpor sombras, olhares, ilhas e fugas.
Sem consciência do que tenho sido, conquistado e imediatamente perdido. A virtude fria de cada manhã faz humilde e trêmulo o Ser que empunha o coração, ás vezes definha, mas mantém o punho cerrado diante o destino dessa invernada. Violento é o tempo que faz dilacerar as próprias palavras, inesgotável fonte temporal, insensível desgasta tudo, versos, Seres e até o inverno rigoroso. Para sair desse frio intenso, só lajeando o ardente Inferno de Dante, lá nem o aço, nem o ferro, nem o coração, nem os dias resistem. Amarga constatação, que recolhe em quimeras frágeis cada olhar. Colhe o soluço frio dos que sofrem. Faces geladas, oprimidas talvez, solitárias gélidas, impedidas de voar. Lírica é a palavra que é caminho, sonho, ternura e vastidão. É poesia!
Na mentira dessa verdade plena, fica o desabafo livre de verão inverno, instante adormecido na invernada que jaz imersa em montanha de gelo ancestral.

Everaldo Ygor
30.01.2008

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Crônica dos Dias cingido com John Coltrane ouvindo a chuva...

Foto: Everaldo YgorCrônica dos Dias cingido com John Coltrane ouvindo a chuva...
Em Sampa já fazem dias que a chuva não para, parece até Macondo da obra Cem Anos de Solidão do mestre Gabriel Garcia Márquez. Dias para se apreciar o Jazz, MPB antiga, bons Livros, fazer Poesia, fotografar a chuva e a Saudade. Escrevendo, preenchendo espaços brancos, vazios sem linhas sem luzes. Missivista dessa intempérie me tornei colocando olhares e lábios diante a precipitação.
Saio na chuva para sentir as primeiras águas, vão aguar meus pensamentos, minha infância perdida, vai inspirar ou transbordar a mente vazia... Depois espiar calmamente pela janela vitral a névoa, a chuva e pessoas caminhando rápido no asfalto. Algumas transpiram gotas, outras recebem livremente em sua face morna gotas serenas. Lento prelúdio de gestos em flores. Nenhuma revoada de pássaros, nem Sol, completando assim o quadro bucólico dos Dias degustando um bom vinho ao som do fraterno Coltrane.
Essa chuva vai regar novas idéias, lavar vaidades, dar vida ao mundo dos vegetais, encher Rios e Mares, alimentar sonhos... As árvores parecem preguiçosas nas calçadas e praças... Mas, não vai regrar a Poesia. Vou viajar na vastidão dos olhos, na imaginação lírica de constelações de palavras e corpos de caminhos inquietos ao som da chuva.
Fazer uma poesia, sem toda essa melancolia, fazer cigano de mim mesmo, navegar na cheia de pensamentos, criar algo novo/velho sem amarras ou grilhões... No transcorrer desse tempo, de batidas fatídicas do coração. Experimento sabores cítricos de beijos, as cantigas de Amor vão tilintar junto aos pingos da chuva, ora fria, ora quente, mas que bela chuva! A Noite a Lua vai Encher, mas só as Nuvens vão contemplar.
Nesse meu hermetismo clássico vou escrevendo envolto ao eterno jogo lingüístico da adjetivação, do simbolismo, da música, da rima e da métrica - definitivamente sem os dois, das palavras concretas, surreais.
Quero Ser um trovador mambembe de folhas em branco, pálidas tépidas. Procurando o porto da calmaria, próximo das corredeiras, procurando expor sentimentos, encontrando poemas perdidos empoeirados, em porões bem fechados. Difícil Arte de narrar pensamentos sem sabedoria alguma, mas com a Sensibilidade de sutis indolentes gotas de chuva, nas imagens sufocantes do Portishead.
Passam nuvens rápidas - Águas livres vão desaguar.
Quando o Ser e sua folha já rabiscada se molharam, entornaram na alegria efêmera, o espírito foi lavado, Seu pensamento era único, um Sonho de um dia deixar de Ser uma cópia Xerox para se tornar uma Folha de Papel
Original...

Everaldo Ygor
18,19,20 e 21.01.2008

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

"Deux Ex Makina"

Foto: Everaldo Ygor
Ela apareceu
Entre Ruínas caminhou
Bata Branca Florida
Tênis roxo andante
Saia Jeans Azul, Bordados Dourados, dourada.
Reapareceu

Caminhou onde Povos desapareceram
Na ponta da Lança
Com Fogo entre as Pernas
Extintos foram
Descendentes sobraram
Procurando & Fotografando almas perdidas...
Auto-encontrou o autoconhecimento
Pereceram
Lembrança teve de Arrazoar com Ele.
Emudeceu
Instintos Medos
Guerreou com Astros Cálidos
Dúvidas de Poemas Inacabados
No Fastígio Teve um Segundo de Paz.
Deux Ex Makina


Poema de 2006
Revisado Dezembro 2007
Fusão de dois Poemas/Foto em Janeiro 2008
Everaldo Ygor

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Vida Simples e Distorcida

Foto: Everaldo Ygor
...Eu
Tu Ele
Nós
Vós Eles

Posso falar, andar e até correr... Ir ao cinema ou teatro.
Escrevo mau e mal o Inglês, conheço uma dúzia de citações em Latim. O Português, modestamente pesquiso meu idioma e língua. Entendo o Espanhol, viajo por ai. Comer, beber, sobrecarregar o corpo e mente de gorduras, ácidos graxos e todo tipo de lixo industrial. Beijar, pintar, abraçar e Amar, sexo e álcool em ciclos de caos. Posso até contar:

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Mais tarde ir ao banheiro.
Somar, dividir, multiplicar e subtrair, pensar e sonhar. Plantar uma árvore, soltar uma pipa e navegar na Internet. Pescar e nadar, sair da cidade ir até o campo. Falar com amigos, família, brincar Ser criança.
Respirar, ler, contar histórias, escrever livros e até fazer poesias. Trabalhar-envelhecer. Fazer Yoga e meditação. Escolas, cursos e Universidade. Prossigo Adjetivando tudo, textos e vidas. Admirando o poente, o firmamento, tirando fotos... Com Saudades Plenas da minha Musa Poesia, de Cidades onde não estive e de pessoas que nunca vi.

Cantar/gritar/rir/chorar.

Transformo-me no Fiel da Balança
Nas andanças vou desequilibrado na Corda Bamba
Trilhando sempre o Fio da Navalha...
Sou assim; sobrevivente sobre Mil Platôs dentro do Capitalismo e Esquizofrenia...
Vivendo durante dias, morrendo durante tardes noites, e no tempo seguinte, renascendo sempre até o ciclo

Falhar e o espelho se quebrar...

Dançando com o universo colorido da mandala alada distorcida.
Na breve existência da Auto-Ilusão...

Everaldo Ygor
Dezembro 2007 – Janeiro 2008.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

VINHO SANGUE

Foto: Everaldo Ygor
Manto vermelho sangue
De vinho em elípticas transparentes
Fogo ao fundo
No findar de mais uma noite
Adivinho o destino.

Mão toda nua
Circunda o manto
Na égide da Lua
Mergulho nas cores difusas
Pulmão de fumaça nua

Circulares poentes, amarelados poemas
Disfarce poético de
Sabores frutados e festas noturnas
Luz de velas, sons aveludados de instrumentos de cordas.
Vozes perdidas escondem desejos
Raízes profundas liberam desejos
Do labirinto vermelho
Nascem
Figuras espectrais dentro e fora do copo

Projetamos o medo do futuro
A doce ventura do vinho tinto seco
De um tempo vivido
Um tempo por vir
Contemplo o tempo cristalino
Em aromas poentes.
Na aurora sensível vinho sangue.

Everaldo Ygor
Janeiro de 2008.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Novo Ano - 2008

Convidados Especiais...
Em 2008 o dia nasceu assim...


Fogo na virada
Queimando vaidades
Dando esperança
Iluminando caminhos.