quinta-feira, 27 de março de 2008

O Monjolo, Palhaços & Khalil Gibran

O Monjolo, Palhaços & Khalil Gibran
Ao sair para uma caminhada matinal pelo bairro, observo crianças fantasiadas indo para a Escola, sim pequenos e graciosos palhacinhos dando paços curtos fazendo momices matinais... Hoje, 27 de Março é o Dia do Circo, Dia do Palhaço, paro e fico apreciando a cena surreal, gostaria de me vestir assim... Caminho mais um pouco, sento em um banco de uma praça e observo calmamente trabalhadores carpindo o mato, o movimento, a voz, o som das enxadas, o cheiro, o calor...
Reporto-me para a estrada, as viagens que marcam a gente, lembro que um dia encontrei um Monjolo, isso mesmo, aquele para bater feijão, milho etc... Coloco então todas as minhas palavras dentro desse Monjolo imaginário e fico ouvindo o som do martelo de madeira, impulsionado pela água, socar, bater e bater, transformando palavras velhas em novas, em pensamentos, em devaneios matutinos...
Apenas o Sol iluminava esse Monjolo, pela janela, pela porta sempre aberta, era feito de barro, pau a pique, ao lado margeava um pequeno fio de água, suficiente para impulsionar a roda de madeira...
Hoje o Monjolo que eu conhecia não existe mais, ele ruiu, só escombros, as intempéries e o descaso humano acabaram por colocá-lo abaixo...
A consciência aos poucos retorna, o Sol já quente ofusca a visão... Saio devagar, observo ao chão um desses bilhetes da Loteria Federal, impresso nele a seguinte mensagem:
- Homenagem aos 125 anos de nascimento do pintor, escritor e poeta Khalil Gibran
Incrível & surreal manhã ensolarada na periferia de São Paulo – O mestre Gibran morreu em 10 de abril de 1931, segue um poema seu:
"Ainda ontem pensava que não era"

Ainda ontem pensava que não era
mais do que um fragmento trêmulo sem ritmo
na esfera da vida.
Hoje sei que sou eu a esfera,
e a vida inteira em fragmentos rítmicos move-se em mim.
Eles dizem-me no seu despertar:
" Tu e o mundo em que vives não passais de um grão de areia
sobre a margem infinita
de um mar infinito."
E no meu sonho eu respondo-lhes:
"Eu sou o mar infinito,
e todos os mundos não passam de grãos de areia
sobre a minha margem."
Só uma vez fiquei mudo.
Foi quando um homem me perguntou:
"Quem és tu?"
Kahlil Gibran
Retorno para a casa vitral, descanso, no final de tarde choveu, escrevo essas linhas tortas e vou publicar em Outras Andanças...Enfim, a caminhada, o sonho, o Monjolo, Palhaços & Khalil Gibran valeram a pena!
Foto: Monjolo - Marlene Kuhnen
Everaldo Ygor – 27.03.2008
Ao som de Múm:

terça-feira, 25 de março de 2008

SONHOS

Ao sonhar
Senti a brisa entrar por uma fresta
Quando você chegar
Sei que vai entrar sem bater
Suave vento movimenta

Entrando
Digo-lhe
- Pode sentar
Sentando
- Pode morrer

A brisa toda se espalha
Voa, flutua, senta...
Assim no repouso – sentado

Pode até morrer
*Rama - amaR

Assim no pouso – dos livros
Também estou morrendo
Saberei apenas
Que o invisível vento
Entrou por Amor
Sentou-se
E mais uma vez
Por Amor morreu
E assim ouso
No vento, na brisa
Entrando sempre sem bater
Saindo por frestas
Escrevendo futuros
...Morremos nós...
Renascemos Estrelas
Ao acordar.

*Dedicado ao magistral escritor, visionário & criador de mundos - Arthur Clarke
1917 – 19 Março 2008.
Everaldo Ygor – 20 até 24 de Março 2008.
Ao som de YO-YO MA
Foto: Michael Parkes

terça-feira, 18 de março de 2008

"MNEMOSYNE"

Mnemosyne

Musa das Musas
Dá-me o poder da vidência
Para que eu possa
Prever
Meu próximo
Verso

Clareia minha mente
Nem passado
Nem futuro
Apenas
Memória & Esquecimento

Vou até a Boca do Inferno
Na Boca
Beber das duas fontes
Lethe & Mnemosyne
Nos domínios Da Noite - Da Boca
Vou adentrar

Encantar

Não ao presente efêmero

( v a z i o )
Revela-se o passado
Revela-se o futuro
Morrem os dias

O Pensamento se esvai

E na égide de seu domínio
Nas esferas do além, da fantasia, da ficção
Um Sim da Poesia
Mas,

Não me lembro...
Mas, recordo-me
Penso que
Já esqueci.


Everaldo Ygor – 17 e 18 de Março 2008.

Ao Som de: Sigur Rós

quinta-feira, 13 de março de 2008

"MOVIMENTO"

Foto: Vladimir Kush

O movimento do Mar confunde...
Não sei se trás ou leva os sonhos
Tem um ritmo
Música desritmada ao vento
Não tem trajetória
Consomem os dias, as semanas – As horas
Tem Sal, encanto & gosto – Vou comer um pedaço do Mar

Querida sereia
Sozinha vive
A Vida retrai
És Minha viagem

Lado de lá
Festa de cá
Afinado está
Seresta no Ar

Tarde nas encostas
Arde o Sol em seu caminho - meu caminho - carinho.

...Silêncio temporal - Patente Poema
Quietude que me falta – Pestilenta Poluição
Irrefutável certeza – Que a orbe vai para o Ralo
Banal & Mortífero - Relutância
Inspirando Blasfêmias...

Desvendando Livros & Vôos
Janelas águas - Rios & Solos

- Mares, corpos e Lepidópteras
Poético Poente
Ouço uma flauta conspirar – Uma viola dançar
Caminho sob e sobre folhas secas - Secas
Ruídos
Sons - Estalos, estalos, estalos...
São tardes internas
Ouvindo murmúrios do vento
Fados a Tocar.

Everaldo Ygor - Março 2008.

Ao som de Dulce Pontes - Fado Mãe

...14 DE MARÇO - DIA MUNDIAL DA POESIA...


sábado, 8 de março de 2008

MULHER EM VERSO & PROSA

Mulher em verso & prosa para plantar
Poemas não colhidos
Recolhidos
Nascem inocentes
Flores
De Métrica & Rima
São sementes da voz do silêncio
Por tanto Ser mulher
Para tanto Ser mulher
Templos corpóreos
Desfolhadas, nuas - musas.
Quantas letras nessa vida
Foram perdidas
Esquecidas
Como mulheres em outro lugar...
Achadas em todo lugar
Proferindo Outras Palavras
Tem muitos nomes – Conheço alguns...
Hiato da vida – Raiz...
Em Lugar algum
Lugar comum
Raras como devem
SER
POEMA EM FLOR
SER
MULHER.

Esse poema é dedicado as mulheres...
Em especial as que ousam andar por aqui em Outras Andanças, pelo Mundo.
Participar, comentar & Amar
- Musas em minha Vida:
Raras como devem Ser...
Obrigado!
Everaldo Ygor
6, 7, 8 de Março
.:Dia Internacional da Mulher:.

Obra/Link: Mark Ryden

segunda-feira, 3 de março de 2008

ALMAS ORGÂNICAS

Orgânicos
Devaneios orgânicos
Pensamentos orgânicos
Da natureza selvagem
São Ficções orgânicas

De longas aventuras
Vulcânicas – Erupções mentais
Do coração
São Dúvidas reais
Do imaginário das ruas
Dos “passados”
Permeiam interiores do corolário

Seres noturnos & diurnos
Das noites uivantes
Livros em covas vazias - rasas
Tiram-me o sono na dicotomia de pequenas doses do dia.
Deixam-me a alma lama orgânica.

Vou Escrevendo sem Brilhantismo
Em busca de brilhantes almas
Brilhantes inteligências – mentes embriagadas
Buscando o som da sutura intermodal secular
Procurando...
Buscando
O meu Brilho
Pensa-se assim...
Encontro-me - Te encontro...
...Nas Mãos...

Everaldo Ygor
Fevereiro/Março