Capítulo I O Bar, O Livro & A Cachaça
O Talentoso Ripley
O encontro foi para ver teatro de Rua na Praça da República, sexta-feira á tarde, Assembléia dos Professores Estaduais, começa a garoa, a peça foi adiada, tempo frio, aportamos em um bar “sujinho” próximo a praça, duas doses de conhaque com limão, novas andanças...
Já em outro ambiente, Eu e Mar, estamos no Espaço Cultural Cine Olido, para ver o Documentário é tudo Verdade, terminamos assistindo - O Talentoso Ripley, de Anthony Minghella - afinal é tudo mentira... Espetáculo surreal, pessoas surreais, antes do início da película, uma briga intensa dentro da sala, seguranças e os dois "personagens" expulsos da sessão, o que mais poderia acontecer? Ao lado a famigerada Galeria do Rock, lotada da comunidade do Rock, concentrando para o espetáculo do Velho Ozzy em São Paulo, e a polícia rondando para averiguar a denúncia de que alguns “emos” foram hostilizados por lá...
Ao rever o filme ficamos extasiados, o Jazz, a fotografia, o ritmo vertiginoso, reencontrando o engenhoso Ripley que sempre esteve escondido em nossos porões...
Ao final, uma parada para uma cerveja, um debate, uma pinga com limão, uma análise regada com álcool e nicotina afetando o córtex pré frontal para o debate intenso que caminha em direção a existência e ao prazer do Ser.
São noites e manhãs - nem sempre o álcool é cruel, faz sentir presenças, espectros astrais...
Molha as palavras, turva a mente, de repente mais um gole,
Um olhar, uma boca, eu sou Dali...
Daquele copo ali.
Capítulo II A Noite do Livro
Fui chamado de Livro, muito lisonjeiro isso - esse novo/velho apelido em meio ao manto do álcool, a discussão acalorada de passados recentes, de filmes, de Amores, de Poesia, de fotos marcantes nas vidas passadas, viagens & nos adjetivos diários, submersos em afagos e contos... O tempo foi passando e a cheia de aguardente e cerveja aos poucos dominando mentes cansadas, transbordando corações e mentes afins...
Enfim acho que gostei de Ser chamado de Livro.
Capítulo IIIPrimeira Noite & Comidas
De Metrô atravessamos a cidade, vagões lotados, bundas na face, ao chegar poucas palavras, um caldo para aquecer, “Brodo” na madrugada, os sabores, os cheiros, são eles que nos transportam, transbordam de alegria e desejo, viajamos para mundos melhores, belos, sensíveis, beijos longos, incenso e vela, murmúrios e sons, volúpia e prazer até o dia clarear...
Capítulo IV
Quando Nietzsche Chorou
Janis e John & All About Anna
Manhãs são curiosas, misto de ressaca e prazer, alivio e sede, risos e exibições, biografias, fotos e vidas - são assim simples como devem Ser.
Passado, presente – a tarde chega, chega com filme forte - Quando Nietzsche Chorou – O filme mostra o excêntrico encontro entre Nietzsche, Freud e o médico Josef Bauer, promovido pela sedutora Lou Salomé... Em um momento do filme Nietzsche afirma que “nossas vidas continuarão se repetindo infinitamente para todo o sempre, exatamente da mesma maneira como as estamos conduzindo agora”... E não é só isso, é muito mais - é um emaranhado de citações que nos deixam pasmos... O filme é uma viagem ao subconsciente, pois esse encontro hipotético nunca ocorreu, o que ocorre é um encontro dentro das mentes de leitores e espectadores do filme ou do livro, leva a reflexão da solidão, de Amores, da estrada, da família, do intelecto, enfim da vida toda... São nessas telas, nesses debates que existimos.
O tempo passa, fôlego, água, pequenas doses de pinga com Mel, uma soneca, corpo e mente nem tanto revigorados... São eles: Janis e John, de Samuel Benchetrit outra fabulosa história, uma trama que de início parece uma comédia, depois se transforma em uma bela e comovente história de vida, o retorno de John Lennon & Janis Joplin - que também leva a reflexão dos relacionamentos, dos dias, das vivências e experiências, libertação, música e criação... Marie Trintignant, que canta Kozmic Blues no filme é atriz principal e faleceu logo após as filmagens... Ao final o Erótico e hipnótico All About Anna, mais um sobre as relações, sobre o sexo verdadeiro, encontros e desencontros, relações simples com atores intensos... Enfim todos os filmes com uma fotografia bela, trilha sonora marcante, verdadeiros, que nesse momento atingiram os espectadores de forma mágica, interiorizando sentimentos, expondo emoções, fazendo crescer e caminhar por terras distantes... Ao final desse filme, outro encontro dos corpos, agora para sentir juntos, ao mesmo tempo os mais belos e intensos momentos gozosos da existência, ao final um sorriso...
Capítulo V
Lição de Casa ou Resumo de Textos
Resumo dos Textos
Pela manhã, deitada em cama caída, os olhos se abriram, espreguiçou o corpo, leve sorriso em lábios finos, esfregou os peitos em costas peludas. Levantou-se, olhou o dia que ainda parecia noite, e num exato segundo toda a escuridão lhe invadiu; lembrou-se em um susto, que era domingo.
Foi a cozinha, a água para o café, o bolo do dia anterior esperava a ser degustado...
Conversa rápida de despedida, caminhos chuviscados até o ônibus, até o mercado...Compras para a semana.
Os filmes assistidos, que a princípio, parecia uma leve comédia para descontração, mostrou-se superior ao esperado. Reflexões da vida, dos caminhos sem pegadas, um forte blues...uma lágrima de homem e uma estrada retomada.
O segundo agora mais picante, causador de arrepios na pele...O gozo chamando, esfrega, invade delicadamente a mente atenciosa na tela, UFA...Começa a dança, um gargalho espalhado pela casa, dois corpos satisfeitos tomados de energia nirvânica.
Agora é domingo, lá fora a chuva grossa cai...
Marlene Kuhnen 05/04/2008
Capítulo I ao IV, Fotos I, II, III e V- Everaldo YgorCapítulo V - Foto IV - Marlene KuhnenAo som de Marie Trintignant Kozmic Blues: