terça-feira, 28 de abril de 2009
segunda-feira, 13 de abril de 2009
"Homenagem Póstuma"
Foto: Seu João - Autor Desconhecido
1938 - 2009
*
Seu João - era assim que conhecíamos o Pai do Celsão, esposo da Dona Maria - justamente o mês de Fevereiro enterrou o contador de histórias, era assim que víamos o falante Seu João... Essa crônica foi feita e desfeita várias vezes, tomou corpo na quaresma dos dias de Março... E finalmente publicada em Abril, depois do misterioso desaparecimento de sua foto que ressurgiu no domingo de páscoa dentro de um CD de Blues.
No dia em que plantamos o Peixe Grande, um dos presentes me disse que era difícil esquecer suas histórias, que ao deitar sempre vinham à tona, ilustradas, com os ecos da voz do Seu João. Isso mesmo, não enterramos, plantamos sim a semente do contador de histórias, para brotar mais tarde a fabulosa árvore dos pensamentos... Era um plantador de árvores, estão lá na Vila Sabrina, gigantes nas cercanias onde andou, plantou, contou – existiu, era um gigante. E lá em seu quintal rodeados por árvores guardiãs fazíamos nosso sarau, a Festa da Árvore.
Foi um guerreiro, um anfitrião, venceu várias vezes o seu marca-passo que teimava em falhar, venceu a velhice com suas narrativas e resolveu passar para outro plano assistindo TV junto com a sua família... Um dia antes, a Naomi, a cachorra da família se foi, antecipando e já fazendo mais uma história para o Peixe Grande, um de seus últimos repertórios nesse mundo.
De suas histórias, de jagunços, tiroteios, assombrações, festas que resolveram acabar e acontecimentos fantásticos nas estradas Brasil adentro, ficam encravadas nas mentes de quem o conheceu, e agora vamos multiplicar suas falas lançando os ecos de suas histórias e falas em todas as cercanias possíveis e impossíveis.
O filme Peixe Grande, de Tim Burton era a sua biografia, era personagem e contador, Seu João era uma bela fábula contada em voz mansa com tom interiorano, narrativas floreadas e vida simples como deve Ser... E a sua foto em semelhança com Kaspar Hauser e seu enigma, segurando a Santa com seu olhar penetrante. E o par de calçados, lançado nos fios de alta tensão, estão lá, em frente a sua morada, a nova, a velha, só os verdadeiros contadores é que sabem seu significado, enfim não precisava escrever nada, tinha o dom das palavras, da oralidade e isso já basta... Visto sua foto culminante - ai em cima, ai no alto – bem no alto... E como dita a tradição das antigas - bebemos Seu João no mesmo dia, na mesma hora. Lá estávamos todos nós, a sua volta, sem o rio em nossa frente, com a família, amigos e ouvintes incautos do Seu João, a terra caindo sobre a madeira e nós sobre a terra caminhamos mais uma vez...
Diz a lenda, Africana - que nas profundezas de todo rio mora um Peixe Grande. Cercado sempre de peixinhos menores e invisíveis o Peixe Grande é o guardião do Rio, enquanto ele estiver presente nada de ruim pode acontecer com o Rio ou com sua fauna e flora.
No dia em que plantamos o Peixe Grande, um dos presentes me disse que era difícil esquecer suas histórias, que ao deitar sempre vinham à tona, ilustradas, com os ecos da voz do Seu João. Isso mesmo, não enterramos, plantamos sim a semente do contador de histórias, para brotar mais tarde a fabulosa árvore dos pensamentos... Era um plantador de árvores, estão lá na Vila Sabrina, gigantes nas cercanias onde andou, plantou, contou – existiu, era um gigante. E lá em seu quintal rodeados por árvores guardiãs fazíamos nosso sarau, a Festa da Árvore.
Foi um guerreiro, um anfitrião, venceu várias vezes o seu marca-passo que teimava em falhar, venceu a velhice com suas narrativas e resolveu passar para outro plano assistindo TV junto com a sua família... Um dia antes, a Naomi, a cachorra da família se foi, antecipando e já fazendo mais uma história para o Peixe Grande, um de seus últimos repertórios nesse mundo.
De suas histórias, de jagunços, tiroteios, assombrações, festas que resolveram acabar e acontecimentos fantásticos nas estradas Brasil adentro, ficam encravadas nas mentes de quem o conheceu, e agora vamos multiplicar suas falas lançando os ecos de suas histórias e falas em todas as cercanias possíveis e impossíveis.
O filme Peixe Grande, de Tim Burton era a sua biografia, era personagem e contador, Seu João era uma bela fábula contada em voz mansa com tom interiorano, narrativas floreadas e vida simples como deve Ser... E a sua foto em semelhança com Kaspar Hauser e seu enigma, segurando a Santa com seu olhar penetrante. E o par de calçados, lançado nos fios de alta tensão, estão lá, em frente a sua morada, a nova, a velha, só os verdadeiros contadores é que sabem seu significado, enfim não precisava escrever nada, tinha o dom das palavras, da oralidade e isso já basta... Visto sua foto culminante - ai em cima, ai no alto – bem no alto... E como dita a tradição das antigas - bebemos Seu João no mesmo dia, na mesma hora. Lá estávamos todos nós, a sua volta, sem o rio em nossa frente, com a família, amigos e ouvintes incautos do Seu João, a terra caindo sobre a madeira e nós sobre a terra caminhamos mais uma vez...
Diz a lenda, Africana - que nas profundezas de todo rio mora um Peixe Grande. Cercado sempre de peixinhos menores e invisíveis o Peixe Grande é o guardião do Rio, enquanto ele estiver presente nada de ruim pode acontecer com o Rio ou com sua fauna e flora.
Adeus, até mais Seu João...
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Everaldo Ygor - Quaresma 2009.
Postado por Everaldo Ygor às 19:39:00 12 Andaram Por Aqui...
Marcadores: Crônica dos Dias, Poesia, Verve
segunda-feira, 6 de abril de 2009
Línguas
Foto: Everaldo Ygor - Línguas
Vozes gestando invernos...
- Línguas
Nublados ferventes
Selvagem distância
Incerto tempo
Instantes vivos
Alucinada realidade.
Ouvido oco
Outono sono
Veias vazias
Sonhos lutos
Reflexos vagos
Outono sono
Veias vazias
Sonhos lutos
Reflexos vagos
Vozes gestando invernos...
- Línguas
Nublados ferventes
Selvagem distância
Incerto tempo
Instantes vivos
Alucinada realidade.
Everaldo Ygor - Quaresma 2009.
Postado por Everaldo Ygor às 21:21:00 10 Andaram Por Aqui...
Marcadores: Everaldo Ygor, Poesia, Poesia Concreta, Verve
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