...Conto Noturno...
Conto Noturno....
Caminhar na mata é absolutamente belo... Sem topar com o Concreto Armado calibre 45. Na laje recordava caminhos, andanças... A fumaça densa do fumo baunilha do cachimbo artesanal de bambu planava no ar, fazendo curiosas elípticas perpendiculares a Lua quase cheia... O pensamento abstrato misturava o agradável e denso aroma. O perfume passeava pelos telhados, lajes e pelo asfalto, misturando-se ao CO2 de poucos veículos transeuntes... A mente era êxodo em direções opostas às poucas nuvens que resistiam no firmamento, as estrelas menos ofuscantes, a Lua majestade era Luz nesse dia noite... Fumaça autóctone de lugar algum. A cadeira balançava no ritmo da fumaça encorpada, ao que parece a fumaça não só acalma ou entorpece as abelhas, os humanos sentem seu efeito mágico denso orgânico... Decolagem suave ao inconsciente, além do vôo mental, além da noite que começa a ficar fria... O vento dispersa minha fumaça, minha meditação, vapores existenciais vão, fixa minha atenção em movimentos vizinhos, fixa em mim... Olhar fixo nas cercanias. Ao meu lado repousa quase vazia a lata de cerveja preta com sabor de café com leite. Sons de latidos próximos... Disperso observo nuvens acinzentadas cobrirem parcialmente o Luar... Cubro-me com a velha manta vermelha e preta manchada pelo pó da estrada de antigos acampamentos, estradas... A Luz fraca da cobertura, ilumina diretamente a página 47 do livro -Absinto de Christophe Bataille... Finjo a leitura para mim mesmo, disperso totalmente. Trago a fumaça densa para os alvéolos interiores, tossidas ásperas como a trovoada seca... Ar rarefeito saliva breve. Ecos nesse não silêncio noturno. Volto ao meu centro, leio infinitamente os próximos capítulos, crio os meus próprios, torno-me o missivista local, levanto, a manta cai, caminho em direção a escada, desço... Anoiteço, na manhã seguinte, recolho os meus pertences na laje, cadeira, latas, anotações, cachimbo, manta, fósforos, memórias, livros e a saudade lida, espessa da noite Lua anterior...
- Everaldo Ygor - Na Casa Vitral - 2007.
* Revisão da Marrr...
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