“Antigas Verves”
“Headpiece filled with straw”
The Holow Men
T.S. Eliot
The Holow Men
T.S. Eliot
“Das antigas”- essa é a palavra, a mim secou-me a boca, o fumo forte de corda negro de Arapiraca, o cachimbo artesanal de bambu, o chapéu de palha, os Seres hipnotizados pela velha tecnologia da foto P&B... A fumaça e seus aditivos naturais lá dentro da cabeça, no Akasha, fazem ativar lembranças das Elegias de Duíno de Rainer Maria Rilke. Escrevendo esse epitáfio, essas linhas ao som de Fela Kuti, a boca seca novamente, observo a foto calado, e ouço o vento frio anunciar a garoa na tarde bucólica dos dias de São João. São lembranças secas da vida, de fogueiras, do passado recente & antigo como deve Ser, mas novo como a aurora em sua face branca pálida rugosa e lisa... Caneca na mão, da para sentir o aroma forte do café fresco da fazenda... Óculos, sinal de miopia, hipermetropia ou astigmatismo... Espero sem pressa que as palavras encontrem seu lugar, nas flexões, nos sonhos - na beleza surreal das cadeiras de madeira, dos corpos, do chinelo de couro, da face enigmática da ausência das cores... Que os Seres da foto saiam e contem sua história, um poema desejado talvez, um olhar ao fundo da alma, do dia, da noite, que possam enfim saciar a minha sede. O que o corpo demonstra o rosto ai desconhece, observa o horizonte desconhecido que a foto não mostra jamais, mostra o colar de sândalo com cheiro da alma... Os lábios finos dizem algo inaudível aos sentidos cor de sépia.
– As mãos dadas na varanda, nessa jornada ao relento dos dedos cheios de ondas, cheios de anéis, afeição & cheios de água sangue.
O que a face dela entrega?
O que o olhar dele diz?
O que T.S. Eliot fala?
Em que época está situada na inusitada linha do tempo, em 1917 na Revolução Russa ou 1968 na utopia de revoluções inacabadas, perdidas no surreal tempo da cultura Hippie - acho que não... São personagens das Crônicas dos Dias – camponeses dispersos - andarilhos luminosos astrais, informais, até perderam o brilho e na certa foram e são Poetas. Instante volátil & infinito, faz meus olhos e ouvidos sentirem o breve cochicho dela para ele, de súbito desperto do devaneio louco, tomo mais um “tinguá” - e deslizo a mão trêmula sobre o teclado. Ao fundo um girassol - acho graça, cena forasteira, mas que foto estranha e suntuosa... Faces pela metade, corpos pendendo para os lados. E o Senhor do Tempo sempre cumprindo sua tenebrosa missão de envelhecer fotos & Seres, escritos e poemas, preenchendo espaços de saudades que não voltam mais, lento impôs ao meu Ser essa imagem terrena, nem Lua, nem Sol, entardecer em Preto & Branco Envelhecido, dentro e fora de mim, no espectro do descompasso do meu coração, assim encanta. Transcender essa desconexa redação, transformar em Poesia o que já é Poesia, é absurdo do final dos dias, talvez todas essas linhas sejam inúteis, e somente, tão somente a foto, só é - poesia original.
Mas, ao olhar mais uma vez os rostos pensativos, as nuances, a paisagem, as vestes, sombras penetrantes dessa foto canção, o coração fala das dores de Amar, armar pensamentos para viver, da beleza abstrata contida naquele instante, tranqüilidade, cumplicidade, elementos essenciais para o poetar. Sua Verve é inesquecível, motivo de adjetivos diversos - inesgotáveis para descrever os imóveis Seres de Chapéu de Palha... Enfim, podem Ser - Matamoros, da Fantasia da obra de Hilda Hilst – Tu não te moves de ti. Todas as vozes internas de homens, mulheres e fotos... Paro por aqui - depois de tanto tempo, na angústia de escrever símbolos, lutando para que outros parem de lutar, polindo o pó da estrada que impregnou as vestes negras, na emoção humilde que nada sei, senão a infindável arte de adjetivar, caminhando sempre para o encontro inevitável e inesperado com o velho e imortal Tânatos...
Janeiro até Junho de 2008 - revisado muitas, muitas vezes...
Everaldo Ygor
– As mãos dadas na varanda, nessa jornada ao relento dos dedos cheios de ondas, cheios de anéis, afeição & cheios de água sangue.
O que a face dela entrega?
O que o olhar dele diz?
O que T.S. Eliot fala?
Em que época está situada na inusitada linha do tempo, em 1917 na Revolução Russa ou 1968 na utopia de revoluções inacabadas, perdidas no surreal tempo da cultura Hippie - acho que não... São personagens das Crônicas dos Dias – camponeses dispersos - andarilhos luminosos astrais, informais, até perderam o brilho e na certa foram e são Poetas. Instante volátil & infinito, faz meus olhos e ouvidos sentirem o breve cochicho dela para ele, de súbito desperto do devaneio louco, tomo mais um “tinguá” - e deslizo a mão trêmula sobre o teclado. Ao fundo um girassol - acho graça, cena forasteira, mas que foto estranha e suntuosa... Faces pela metade, corpos pendendo para os lados. E o Senhor do Tempo sempre cumprindo sua tenebrosa missão de envelhecer fotos & Seres, escritos e poemas, preenchendo espaços de saudades que não voltam mais, lento impôs ao meu Ser essa imagem terrena, nem Lua, nem Sol, entardecer em Preto & Branco Envelhecido, dentro e fora de mim, no espectro do descompasso do meu coração, assim encanta. Transcender essa desconexa redação, transformar em Poesia o que já é Poesia, é absurdo do final dos dias, talvez todas essas linhas sejam inúteis, e somente, tão somente a foto, só é - poesia original.
Mas, ao olhar mais uma vez os rostos pensativos, as nuances, a paisagem, as vestes, sombras penetrantes dessa foto canção, o coração fala das dores de Amar, armar pensamentos para viver, da beleza abstrata contida naquele instante, tranqüilidade, cumplicidade, elementos essenciais para o poetar. Sua Verve é inesquecível, motivo de adjetivos diversos - inesgotáveis para descrever os imóveis Seres de Chapéu de Palha... Enfim, podem Ser - Matamoros, da Fantasia da obra de Hilda Hilst – Tu não te moves de ti. Todas as vozes internas de homens, mulheres e fotos... Paro por aqui - depois de tanto tempo, na angústia de escrever símbolos, lutando para que outros parem de lutar, polindo o pó da estrada que impregnou as vestes negras, na emoção humilde que nada sei, senão a infindável arte de adjetivar, caminhando sempre para o encontro inevitável e inesperado com o velho e imortal Tânatos...
Janeiro até Junho de 2008 - revisado muitas, muitas vezes...
Everaldo Ygor
46 comentários:
Aquilo que ainda vai ser depois - é agora. Agora é o domínio de agora. E enquanto dura a improvisão eu nasço. (Clarice Lispector).
Lindo blog, obrigado pelo comentário.
Muito boa a sua crônicaa.
Gosteei muito.
Parabéns, e dá uma passadinha no meu blog!!!
Só olhos de poeta para uma visão como a sua, Everaldo!
Tudo me parece familiar, o fumo, o vento, o chinelo de couro, mas eu seria imcapaz de descrição similar.
As fotos gritam. Gritam muito. Muito alto.
Abraço!
Deveria editar suas narrativas em livros. Tenho um projeto de publicação de novos autores. Se interessar!
a sua dfescrição é sensivelemente familiar .... como se ao lermos pudessemos sentir conhece-los ... nao sei explicar a sensação , digamos que é uma bela e nostalgica cronica.... adorei
Não é exatamente o meu tipo de texto preferido, mas em termos de estética literária é bem singular
:D
Não deixe de visitar:
And I Said Goddamn!
Li uma vez que uma fotografia
pode ser uma grande mentira.
Ou uma grande verdade.
Tuas palavras
viram beleza autêntica.
Seu blog é denso
e suas palavras poderosas.
Acho que de todos os seus textos que já li, esse sem dúvida é o melhor.
Parabéns!
http://maynabuco.blogspot.com
legal seu blog
se quiser passe no meu
http://blogaragem.blogspot.com
Ronronei ao ler este magnífico texto. Você é um prestidigitador de letras!
Abraços do EU, SER IMPERFEITO e d´A SEIVA
CARACA, EU SEMPRE ME PERCO NESSES TEXTOS CHEIOS DE REFERÊNCIAS. MUITO COSMOPOLITA, ALAGOAS, RUSSIA, O MUNDO É UMA BOLAAAAAAAAA! A ESTÉTICA DESSA NARRATIVA, REPITO, NÃO ME AGRADA, MAS VC ESCREVE BEM, ISSO É O QUE IMPORTA!
Amei essa crônica!
que visão crítica e ao mesmo tempo sensível vc tem!
Gosto daqui...
Beijo
legal seu blog hein....vlw pela visita!!!!
muito bom!!
otima cronica...
e um otimo blog
Muito bom seu blog...e seus textos tb!
Parabéns!
Crônicas como esta nos fazem identificar a nossa própria vida, nosso cotidiano, além de nos proporcionar um passeio pela História. O caráter crítico e bastante perceptivo das coisas deixam o leitor à vontade e satisfeito.
Até mais!
Cara belo texto...
E bela imagem, parece meus tios "la de fora"...
http://www.avidanobeco.com/
A partir de uma foto um poema em prosa?
É o que dizia Baudelaire, na sua Teoria das Correspondências. Mas acredito que vc ficou aquém (isso não é ruim) da prosa poética. Vc deu o toque da tonalidade confessional, como se realmente houvesse (há?) ligação (verdadeira) entre o que vc vê e o que vc lê.
A mim, leitor, não importa muito.
O texto se basta.
sabe o que é amor de amigo?
é o q sinto por vc
ehehehe
com carinho
ana
MUito bom o Layout. Linda crônica.
Parabéns pela cronica, e pelo seu blog...voce escreve muito bem
Hummmm! Bem melhor que da última vez em que passei por aqui.
Chinelo de couro dá chulé, não? Tinha que citar o chulé do chinelo de couro...bj
muito bom esse seu texto!
parabéns!!!
www.tirashd.blogspot.com
www.1irmao.blogspot.com
Parabéns pelo seu texto e blog.
São bons!
Você tem um estilo muito próprio de escrever.
E é bem legal!
Eu adoro ler esses tipos de textos.
Belo texto, Ygor e acho que, mesmo não tendo lido antes, nem precisasse ter revisado tanto. Vc é fera rapaz ;)
bjimm querido
Olá, Everaldo.
Fiquei muito surpresa com seu comentário em meu blog, já que ele tem pouco tempo de existência e eu, particulamente, não tenho muita experiência no assunto (principalmente no que diz respeito aos textos). Mesmo assim, fiquei feliz com sua visita.
Venho aqui não só para agradecê-la, mas também para parabenizá-lo pelo blog, que pelo pouco que observei, achei de um cuidado maravilhoso, que nós, leitores, adoramos perceber. Suas palavras me parecem bastante confessionais, e concordo que a nostalgia causada pelas fotos é, no mínimo, inspiradora.
Um abraço.
legal seu blog
a cronica eh legal tbm
passa no meu
http://blogaragem.blogspot.com
Olá, prazer em conhecê-lo. QQ visitarei São Luis do Paraitinga.
Estou lendo o blog, pouco a pouco.
Quanto à crônica, creio que a formatação do texto poderia ser melhorada. O espaçamento entre as linhas é muito pequeno e dificulta a leitura.
Tem mais uma coisinha: esses tradutores online são uma porcaria.
Boa SEmana
Saudações Ygor!
faz tempo que não passo aqui, na verdade, faz tempo que não publico e nem ando pelos Blogs da Rede^^
Parabéns, como sempre palavras belas e épicas, de idéias que desenvolvem uma grande teia de palavras belas que brotam da simplicidade da vida e do homem.
Ficou realmente bom^^
Abraços.
Puta caralho! Eu deixei bjo no meu comment anterior... Q lapso...
Mas curto mesmo é Verve Underground...
Foto canção.
Com ou sem hífem, é a imagem perfeita, que canta.
Inveja, cara.
Valeu.
Belissimo texto...
Abraço
só passei pr deixar 1 bj
:)
a.
Maravilhoso texto!!! Volátil e infinito é, também, o encantamento de passear pelos jardins de letras e imagens, e encontrar uma escrita tão pulsante, fruto de um olhar arguto e de uma alma sensível!... Infindo, ainda que efêmero, prazer. Abraços alados.
Voce tem talento :D
esse texto soa pra mim como um fato crônico-reflexivo, o de que a essência romântica se esvai por entre os gigabytes da evolução
porém sem esta não haveria os blogs nem a internet
tudo é escolha, viva às antigas! viva a internet! viva!!!
I'm back home:
http://artepoiesis.blogspot.com/
Blog muito bom. Conteúdo relevante. Confira meu blog tbm:
Downloads de Filmes e Novidades
E este Sol impõe a claridade
Pôs no celeste a Lua a bocejar
Perdi a conta das estrelas no céu
Ergui-me em bicos para as contar
Voa comigo sobre as emoções
Boa semana
Abraço
é um prazer enormeeeeeeeeee ter vc como "camarada" no miniminimos
bjs carinhosos
ana
Muito interessante seu blog...
passarei mais vezes..
abços
Demais...
que crônica boa
todos vêem a mesma coisa...mas só alguns enxergam as entrelinhas...
vc é parte desses alguns
parabens
bela narrativa
Cantos do Grilo
http://felipepensador.blogspot.com/
Tu és um virtuoso da palavra e...ponto final...
Abraço
Não sei pq mas acho as fotos antigas, de preferencia as de preto e branco, uma especie de poesia. Memso ela parada, silenciosa, ela parece te contar muitas histórias...
Foi isso que eu senti ao ler essa cronica...
Abçs!!!
http://emlinhas.blogspot.com/
narrativa perfeita, jah pode coloca-las e fazer um livro hein!
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