O Monjolo, Palhaços & Khalil Gibran
Ao sair para uma caminhada matinal pelo bairro, observo crianças fantasiadas indo para a Escola, sim pequenos e graciosos palhacinhos dando paços curtos fazendo momices matinais... Hoje, 27 de Março é o Dia do Circo, Dia do Palhaço, paro e fico apreciando a cena surreal, gostaria de me vestir assim... Caminho mais um pouco, sento em um banco de uma praça e observo calmamente trabalhadores carpindo o mato, o movimento, a voz, o som das enxadas, o cheiro, o calor...
Reporto-me para a estrada, as viagens que marcam a gente, lembro que um dia encontrei um Monjolo, isso mesmo, aquele para bater feijão, milho etc... Coloco então todas as minhas palavras dentro desse Monjolo imaginário e fico ouvindo o som do martelo de madeira, impulsionado pela água, socar, bater e bater, transformando palavras velhas em novas, em pensamentos, em devaneios matutinos...
Apenas o Sol iluminava esse Monjolo, pela janela, pela porta sempre aberta, era feito de barro, pau a pique, ao lado margeava um pequeno fio de água, suficiente para impulsionar a roda de madeira...
Hoje o Monjolo que eu conhecia não existe mais, ele ruiu, só escombros, as intempéries e o descaso humano acabaram por colocá-lo abaixo...
A consciência aos poucos retorna, o Sol já quente ofusca a visão... Saio devagar, observo ao chão um desses bilhetes da Loteria Federal, impresso nele a seguinte mensagem:
- Homenagem aos 125 anos de nascimento do pintor, escritor e poeta Khalil Gibran
Incrível & surreal manhã ensolarada na periferia de São Paulo – O mestre Gibran morreu em 10 de abril de 1931, segue um poema seu:
"Ainda ontem pensava que não era"
e a vida inteira em fragmentos rítmicos move-se em mim.
sobre a margem infinita
de um mar infinito."
"Eu sou o mar infinito,
e todos os mundos não passam de grãos de areia
Foi quando um homem me perguntou:
Kahlil Gibran