quarta-feira, 28 de novembro de 2007

SARAU DO ELO INCANDESCENTE CONVIDA TROUPOETAS

SARAU DO ELO INCANDESCENTE CONVIDA TROUPOETAS

Os troupoetas são simplesmente uma troupe de poetas, que apesar das porradas imemoriais sofridas, das escorregadas e atropelos desta malfadada civilização, ainda sentem prazer nas palavras e sentimentos, no som e nas loucuras da musa das musas. Os troupoetas são uma caravana de anarquistas, místicos, céticos, abençoados, malditos, malucos... Participações de Marlene Kuhnen, Everaldo Ygor, Arreba, Jaimão, Joel, Nanci, Rasta e muitos outros. Apresentação de Rogério Nogueira. Bar do Kbeça - Rua dos Samurais, 754 (próx. a praça Cosmorama) - V. Maria Escondida - Zona Norte - Sampa. 30/11, às 20h (sexta-feira). Entrada Franca. (11) 9769-5194 c/ Rogério

...SARAU DE NOVEMBRO...
- SEXTA-FEIRA, 30.11.2007 -
COMPAREÇAM!

Programação da periferia, na Agenda Cultural da Periferia
http://www.acaoeducativa.org.br/

sábado, 24 de novembro de 2007

.:.Estações.:.


Foto: Marlene Inês Kuhnen

Estações
Poemas felizes
São como as Quatro Estações
Todos nós temos um pouco
Temo de mais ou de menos

Tememos os amores
As liberdades
Um breve sentar a mesa
Um breve tilintar abraço

Para se deixar Amar
É preciso Ser as Quatro Estações
Sonhar ousado
Beijar a mesa
Temer menos
Abraçar & Sonhar mais

Estações para descer, sentir, subir – viajar...

Ultrapassar os lagos salinos.
Ouvir o violino dançar, olhar
Dançar dia e noite - sorrir

Sou filme mudo
Se sou primavera sou amarelo e preto
Verão Sol - preto no branco
Se outono, vermelho e branco
Inverno azul - branco de sua pele.

Everaldo Ygor – Nas Estações – Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro 2007.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

.:.EROTOMANIA TEXTUAL.:.MANIA-EROTA.:.


"... Cada linha tinha sua própria energia e era seguida por outra como ela. A própria substância de cada linha dava uma forma à página, uma sensação de algo entalhado ali. E aqui, finalmente, estava um homem que não tinha medo da emoção. O humor e a dor entrelaçados a uma soberba simplicidade. O começo daquele livro foi um milagre arrebatador e enorme para mim”.
Bukowski,Charles
Foto: Bill Brandt
Ao som do eterno Jazz de Duke Ellington - East St. Louis Toodle-oo, ela rodopiava ao olhar. O som penetrante vai noite adentro. Girava em dança frenética diante a janela semi-aberta, diante prédios e observadores longínquos... Próximo de minhas mãos, próximo de corpos etílicos acelerados, sentia o peito explodir em palavras cantadas, no calor químico, trêmulo, o corpo estava, dava início à jornada de vil prazer, na viril poesia... O pó espalhado sobre CDs e cômodas remete as fabulosas descrições de John Fante; finas camadas de pensamentos e fotografias, livros e borboletas, poemas e prazer. Vidas entrelaçadas, vidas com gosto de cerveja, vídeos desconexos na tela de um computador... O Pó destino das pedras e dos homens, o som ecoa na madrugada, as vozes em decibéis vorazes cantam, dizem juras, dizem verdades, apenas dizem... Em beijos elétricos profundos, em abraços descompassados... Poemas de Blogs de Tantas Andanças. Papos sobre Frida:

“...Y ahora sí maldita bruja
Ya te chupastes a mi hijo
Ya te chupastes a mi hijo
Y ahora sí maldita bruja...”

Movimentos corpóreos, perpétuos, brilhos de cada um, beijos molhados/lambuzados, beijos elétricos, abraços e afagos, a flauta nem tão doce, ecoa em pequenas caixas acústicas... - Ela disse:
- Adorei tirar a roupa dançando, vou aprimorar com cinta liga e corpete...
Pequenos adesivos infantis colados pelo quarto, observavam na penumbra...Um aparelho de som, que outrora tocava o som rouco e chiante do vinil. Na cabeceira esquerda da cama antiga, outra, com cara de símio observa sonos tranqüilos e interrompidos... Estão em toda parte. Dentro do congelador agarrados a uma calcinha picolé, imortalizado gosto... O corpo branco faz renascer o escorpião tatuado, faz de apoio janelas portais, faz jorrar internamente o pensamento gozozo de poemas não ditos. Seios a mostra no horizonte, Seres ouvindo urros noturnos, sorrateiros desejos móveis, movimentos FRENÉTICOS... Agarrada e segura com mãos fortes deixo assinaturas e versos em seu corpo. As velas espalhadas pelos móveis dançam sopradas pela ventania noturna... A via vento balançava o cabelo aloirado, pernas grossas e brancas, joelhos batendo, olhos reluzindo, tudo era dança. A calça deslizando lentamente/bravamente – tourada -, deixando à mostra as coxas roliças, os pêlos saltando, mostrava-os timidamente entre dedos, percorrendo e provocando... Olhos fechados, mãos no compasso do quadril, sobe agora para outro ato de incitação, lançar a camiseta branca ao ar, sexuais provocações... O corpo serpentino em malícia plena, em mim mirava o desejo, rebolado. Umedecido, presto atenção... Bailado hipnótico com movimento de Mar. Percorro lábios e vias interiores. Semi-luz-nus, os corpos iluminados, pensamentos internos externam vozes e sussurros poéticos... Incenso com gosto de sândalo, cheiro da Alma, de almas angustiadas, exalando erotismo e olhares perdidos, libertos naquele momento, presos digitalizados em fotos remotas procuram ansiosamente em compartimentos estanques... Procuram Amor - Instantes de insanidade, de leveza e peso do Ser, compreensões infindáveis que fazem falta nos dias remetidos em carta, em nostalgia invencível da inocência.
A fumaça do cigarro densa, confunde o paladar, olfato contaminado de CO2, cravo e canela... Névoa de pensamentos fazem desenhos perpendiculares ao teto, nas paredes, nas faces, movimenta um Arco-Íris mágico cantado pelas belas cores da criação, condensado em asas de arara, voando em cores e versos, história do povo de Chiapas. A leitura dramática da obra infantil, voz de contralto, torna adulto os pensamentos multiformes do quarto fechado, pensamento da melancolia do Blues, torna suave a visão da fumaça, torna florida a visão da noite lá fora... Cria a ilusão de dias melhores... Noite tardia, corpos cansados na cama, mente vazia, vento forte e chuva na janela madrugada, dia chegando... Na manhã, delírios matinais querem as repostas da existência, saltam das prisões mentais. Repostas? Onde estão todas elas?... Em nós mesmos, na dança, no som da criação, no beijo boca corpóreo, no abraço apertado da penetração, na face olhar, sempre. Eterno retoque a pintura viva que somos nós.

Autores: Everaldo Ygor & Marlene Inês Kuhnen - Dias de Novembro.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

..Encéfalo..

Foto: Joel Santos
Cabeças
São como caixas de ressonâncias
Pensamentos
São cunhas que abrem corações

Nas ruas o vento vira fumaça
Nas matas o vento trás pequenas e grandes mensagens
Ouvimos pouco
Ouvimos fumaça

Segredos revelados ao homem
Nas camas
Nas noites, crepúsculos mentais.
Na face, absorto estou

Versos dizem pouco,
Estrofes revelam segredos,
Poemas sovam corações.
Aos olhos dos outros
Cruel e Belo aos olhos dos outros,
Em todo tempo
Aos olhos dos outros...
E os nossos cansados olhos para onde estão olhando agora...
Para onde?

Everaldo Ygor – 07 de Setembro, revisado em Outubro e Novembro de 2007.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

...Vidros...


Vidros
Recipientes vazios
De água, cachaça e devaneios chuvosos.
Com botões e agulhas
Brancos transparentes
Amarelas opacas

Vidros de qualquer coisa, achados
Transbordando etílicos, perdidos
Flutuando botões
Afundando agulhas. Vazio Só = Áporo

Blues
Glass effect
Day of Good Heart
Desert
Alone but not lonely
Frágeis…

Vidros sem tampa, quebrados
Sem rosca
Usados, reciclados, vencidos... Novos.
Abertos... Sons do silêncio.

E no final, vidros incipientes

Sempre,
Sempre
Vazios...
Everaldo Ygor - 01 - Nov. 2007