quarta-feira, 31 de outubro de 2007

"Dia do Saci - 31 de Outubro"

Através de Tio Barnabé, um dos seus personagens, Monteiro Lobato descreve o Saci-Pererê:
"O saci é um diabinho de uma perna só que anda solto pelo mundo, armando reinações de toda sorte: azeda o leite, quebra pontas das agulhas, esconde as tesourinhas de unha, embaraça os novelos de linha, faz o dedal das costureiras cair nos buracos, bota moscas na sopa, queima o feijão que está no fogo, gora os ovos das ninhadas. Quando encontra um prego, vira ele de ponta pra riba para que espete o pé do primeiro que passa. Tudo que numa casa acontece de ruim é sempre arte do saci. Não contente com isso, também atormenta os cachorros, atropela as galinhas e persegue os cavalos no pasto, chupando o sangue deles. O saci não faz maldade grande, mas não há maldade pequenina que não faça."
O Saci-Pererê é um elemental da natureza, duende idealizado pelos indígenas brasileiros como apavorante guardião das florestas. A princípio ele era um curumim perneta, de cabelos avermelhados, encantador de crianças e adultos que pertubava o silêncio das matas. Em contato com o elemento africano e a supertição dos brancos, recebeu o cognome de Taperê, Pererê Sá Pereira, etc. Tornou-se negro, ganhou um gorro vermelho e um cachimbo na boca. Em alguns lugares, como às margens do rio São Francisco, adquiriu duas penas e a personalidade de um demônio rural que faz travessuras e gosta de enganar pessoas. É o famoso Romão ou Romãozinho. Na zona fronteiriça ao Paraguai ele é um anão do tamanho de um menino de 7 a 8 anos, que gosta de roubar criaturas dos povoados e largá-las em lugar de difícil acesso. Talvez devido aos vestígios culturais trazidos pelos bandeirantes em suas andanças pelo sul do Brasil, o saci mineiro recebeu, além dessas qualidades do "Yaci-Yaterê" guarani, um bastão, laço ou cinto, que usa como a "vara de condão" das fadas européias. Sincretizado freqüentemente como o capeta, tem medo de rosários e de imagens de santos. Quando quer desaparecer, transforma-se num corrupio de vento.
Para saber mais: http://www.sosaci.org/
Segue dois vídeos no Youtube com clássicos do Saci:
Olha o saci !
Girasonhos "Olha que eu vi"

sábado, 27 de outubro de 2007

...Lá se vai mais uma Tertúlia...


Tertúlias são episódios surreais, manifestações egoicas de Seres que ainda teimam em vociferar verdades rimas e mentiras métricas... São momentos únicos, do vórtice da criação poética, da embriaguez eterna. A cada Sarau, momentos diferentes, vidas diferentes, vidas ausentes, anoitecemos. Velas, incenso, Seres, livros, tudo preparado para mais um ritual. Poesia, cânticos, representações, fumaça no ar e pessoas girando ao som da viola mágica... Mais uma festa! - Tocar a harpa da criação a cada Sarau, não é fácil, mas a resistência romântica de alguns faz a engrenagem girar, faz a poesia valer a pena, faz declamar os tímidos, os bêbados, os transeuntes, as almas nem tanto penadas... Sempre renascendo, ele vai... Em palcos, nas praças, nos bares, em todo lugar, ocupando os espaços de direito até o dia clarear. Em breve, mais um evento da discórdia cultural, mais um episódio da saga do Sarau do Elo Incandescente, dos Troupoetas, dos personagens que compõem essa história, dos argonautas do asfalto, das Musas, da poesia das esquinas de nossas vidas. Lá se vai mais um Sarau... Vou aguardar a Lua encher mais uma vez, para transbordar o coração daqueles Poetas que seguram a beleza e o peso da Lua, da Terra e todo o firmamento em suas costas... Poetas andarilhos, pára-raios móveis... Valeu!
Everaldo Ygor – 27.10.2007
Foto: Apanhador de Sonhos - Arte do Cabral - Sarau - Interior do Bar do Marquinhos.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

SARAU DO ELO INCANDESCENTE & CONVIDADOS

SARAU DO ELO INCANDESCENTE CONVIDA TROUPOETAS
Os troupoetas são simplesmente uma troupe de
poetas, que apesar das porradas imemoriais sofridas,
das escorregadas e atropelos desta malfadada
civilização, ainda sentem prazer nas palavras e
sentimentos, no som e nas loucuras da musa das
musas. Os troupoetas são uma caravana de
anarquistas, místicos, céticos, abençoados, malditos,
malucos... Participações de Marlene Kuhnen,
Everaldo Ygor, Arreba, Jaimão, Joel, Nanci, Rasta e
muitos outros. Apresentação de Rogério Nogueira.
Bar do Kbeça - Rua dos Samurais, 754 (próx. a praça
Cosmorama) - V. Maria Escondida - Zona Norte. 26/10, às 20h
(sexta-feira).
Entrada Franca. (11) 9769-5194 c/ Rogério
...SARAU DE OUTUBRO...
- SEXTA-FEIRA, 26.10.2007 -
Evento especial: Festa surpresa do Niver do MC Rogério!
COMPAREÇAM!
Programação da periferia, na Agenda Cultural da Periferia

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

¨FOTO POEMA¨

Fogueira
Foto montagem: Psicodelia Poética
Everaldo Ygor

...Esquinas...

As esquinas
Pessoas, filmes, dias
Roteiros da pseudo-cultura
Roteiros dos pássaros da ignorância

São eles Seres extremos
Pobres e Ricos - Rimas...
Efêmeros Ébrios

Esquinas minhas
Mulheres de dia, Homens de tarde
Tarde demais
Dias demais

Espero anoitecer
Vou enlouquecer
Dai vou ter
Um breve efêmero momento de prazer

Everaldo Ygor
Esquina da Rua Augusta, no bar, nos dias de Outubro.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

LOS HERALDOS NEGROS - CÉSAR VALLEJO


LOS HERALDOS NEGROS
Hay golpes en la vida, tan fuertes ... ¡Yo no sé!
Golpes como del odio de Dios; como si ante ellos,
la resaca de todo lo sufrido
se empozara en el alma... Yo no sé!

Son pocos; pero son... Abren zanjas obscuras
en el rostro más fiero y en el lomo más fuerte.
Serán talvez los potros de bárbaros atilas;
o los heraldos negros que nos manda la Muerte.

Son las caídas hondas de los Cristos del alma,
de alguna fe adorable que el Destino blasfema.
Esos golpes sangrientos son las crepitaciones
de algún pan que en la puerta del horno se nos quema.

Y el hombre... Pobre... pobre! Vuelve los ojos, como
cuando por sobre el hombro nos llama una palmada;
vuelve los ojos locos, y todo lo vividose empoza,
como charco de culpa, en la mirada.

Hay golpes en la vida, tan fuertes... Yo no sé!
CÉSAR VALLEJO

Para ouvir o poema, click no link!
http://www.palabravirtual.com/index.php?ir=ver_poema1.php&pid=339

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Vórtice Cerebral


Vórtice cerebral
Branca
Fulgurações poéticas
Sonhos curvos atemporais

Percorrem fotogramas
Autoramas corporais
Etílicos dias
Máquinas corpóreas

Paisagens nuas
Pensamentos nus
Ornatos poéticos
Brancos
Everaldo Ygor – Sem Data.

Foto: Willy Ronis

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

DIA DO PROFESSOR...

No dia 15 de outubro de 1827 (dia consagrado à educadora Santa Tereza D’Ávila), D. Pedro I baixou um Decreto Imperial que criou o Ensino Elementar no Brasil. Pelo decreto, “todas as cidades, vilas e lugarejos tivessem suas escolas de primeiras letras”. Esse decreto falava de bastante coisa: descentralização do ensino, o salário dos professores, as matérias básicas que todos os alunos deveriam aprender e até como os professores deveriam ser contratados. A idéia, inovadora e revolucionária, teria sido ótima - caso tivesse sido cumprida. Mas foi somente em 1947, 120 anos após o referido decreto, que ocorreu a primeira comemoração de um dia dedicado ao Professor. - Os professores estaduais de São Paulo, em início de carreira, têm um salário 39% menor do que os do Acre. Enquanto um docente com formação superior e piso inicial de São Paulo ganha R$ 8,05 por hora, o colega acreano recebe R$ 13,16. O Acre lidera a lista dos Estados que pagam melhor seus professores em início de carreira, seguido por Roraima, Tocantins, Alagoas e Mato Grosso. São Paulo vem em oitavo lugar. Pernambuco tem o pior salário, no Acre foi onde as médias dos alunos de 4ª série mais evoluíram. Em São Paulo, a situação se agrava se levado em conta o custo de vida. Um professor que trabalha 120 horas por mês (30 por semana) tem salário de menos de R$ 966 e consegue comprar 4,9 cestas básicas. Já o do Acre recebe R$ 1.580 e compra 12,6. Ou seja, a diferença do salário/poder de compra chega a 60%. Já no Município a história não é muito diferente, infra estrutura deficitária, baixa remuneração, ambiente de trabalho deteriorado, superlotações das salas e ameaças constantes de retirada de benefícios. Segundo o sindicato, professores com nível superior que ingressam na rede municipal tem piso salarial de R$ 621,68. Fonte UOL

domingo, 14 de outubro de 2007

MISSIVA

Foto: WILLY RONIS
...Alcançar asas, parece difícil. Encontrar cadernos e folhas amareladas, reler meus versos, poemas velhos. Procurando resposta sempre... Querendo ouvir pensamentos dos outros, deliciando palavras indescritíveis ao meu lado, ardor de tarde nublada, observando lábios distantes, corpos desnudos, mudos. - Será?
Que a poesia toda vai me proteger do medo do escuro...

Everaldo Ygor - Pensamento 1999, revisado em 13.10.2007.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Dia das Crianças - Mário Quintana

"Quando guri, eu tinha de me calar, à mesa: só as pessoas grandes falavam. Agora, depois de adulto, tenho de ficar calado para as crianças falarem".

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

#SONHOS#

Sangue
Sonho da Bruxa amada
Vida
Viva do sonho alado
Nuvem
Branca do mito da Paz
Sopro
Inerte da figura que aqui jaz
Árvore
Seca da Primavera
Cor
Bela e azul que cura a mazela
Esboço
Da Paz que nunca chega
Desenhos
Da Liberdade que se apagam
Técnicas
Do desenho sem lápis e papel
Folha
Transparente de papel cor do pensamento
Margem
Pequena do tamanho do assovio
Linhas
Fortes e fracas da nota musical
Imaginação
Fértil de um Doente Mental.
Everaldo Ygor - 1992 - Do Livro Estação Liberdade (Da Existência do Ser) - ESGOTADO. "Foto: Marrr - Mesa Sítio Girassol"

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

..Haikai..

Mente campsare
Corpo patescere
Sera?
Que a mente mentiri...
Haikai – Everaldo Ygor - Out.2007.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

TEMPO


Em tempo algum
Eles pensaram em tempo
Em tempo perderam o espaço
Sob o tempo ela se corroeu
E o tempo foi passando
E a engrenagem enferrujando
E os corpos envelhecendo
E o tempo
Sempre renascendo
As vidas se foram
Não houve trégua para o tempo
Mas...
O tempo ficou
Junto com ele uma inscrição
Que já dura milênios
Através do tempo
E que diz
Algo sobre o tempo
Que ecoa aos ventos
Ela diz...
Estação Liberdade (Da Existência do Ser)
Do livro Estação Liberdade (Da Existência do Ser) p.55 - 1992. ESGOTADO.
Everaldo Ygor

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Eduardo Galeano

"Escrevemos contra a nossa própria solidão e a solidão dos outros. Escrevemos, na realidade para as pessoas com cuja sorte ou azar nos sentimos identificados. Os que comem mal, os que dormem mal, os rebeldes e humilhados desta terra, e a maioria deles não sabe ler"
(Eduardo Galeano).
...Escrevemos a partir de uma necessidade de comunicação e de comunhão com os demais, para denunciar o que dói e compartilhar o que dá alegria. Escrevemos contra a nossa própria solidão e a solidão dos outros. Supomos que a literatura transmite conhecimento e atua sobre a linguagem e a conduta de quem a recebe; que nos ajuda a conhecer-nos melhor para salvar-nos juntos. Mas "os demais" e "os outros" são termos demasiado vagos; e em tempos de crise, tempos de definição, a ambigüidade pode se parecer demais à mentira. Escrevemos, na realidade, para as pessoas com cuja sorte, ou azar, nos sentimos identificados. Os que comem mal, os que dormem mal, os rebeldes e humilhados desta terra, e a maioria deles não sabe ler. Entre a minoria que sabe, quantos dispõem de dinheiro para comprar livros? Pode-se resolver esta contradição proclamando que escrevemos para essa cômoda abstração chamada "massa"?...
Eduardo Galeano

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

...Poehoras...

POEHORAS