terça-feira, 31 de julho de 2007

OLHAR DE ESFINGE

OLHAR DE ESFINGE
Sonho com seu olhar de esfinge,
e de vez em quando...
Surge-me nos lábios o som do beijo...
Ri... E observa o senhor do tempo
e de vez em quando...
Ouço e acho graça...
Bebo desse vinho branco e tinto e me embriago.
Mas... Não me abandono, regresso e o mundo está lá...
E me ligo ao belo. Afago a vida e o braço animoso...
Morro nos lábios,
e a cada segundo espero a eternidade desse tempo para
renascer...
Pessoas, as vejo em todo lugar,
gente, as vezes encontro com olhar de esfinge...
Ela é só enigma e eu observo oculto
Sonho e vejo a alma solitária
Ando e vejo a morada
Navego entre seus lábios carnudos e afago os montes
A luz vem e aos olhos ilumina, saudades da penumbra
juntos a alegria, a rosa e o tesão de corpos sobrepostos
e quentes...
Me apaixono e morro, um sorriso, um renascimento...
O corpo a mente um olhar e não te abandono...
Quero mais, um pouco de brilho eterno!
No memento nada mais é meu...
Sou seu, sou vento, lá vem o som da cachoeira...
É branco e deixa marcas, arranha a face e afaga...
A flecha passa de lado a lado e o sono também
Logo desperto e amanheço
E tenho a sensação de emitir luz
Que ilumina a esfinge...
Que ilumina o caminho...
Que ilumina nós dois...
Everaldo Ygor - 2004.

Morre aos 94 anos o cineasta Michelangelo Antonioni

Morre aos 94 anos o cineasta Michelangelo Antonioni
Antonioni: o cineasta dos problemas e angústias do homem moderno...
O diretor de cinema italiano Michelangelo Antonioni, conhecido por sua ruptura com o neo-realismo italiano em filmes que representavam os problemas e angústias do homem moderno, morreu na segunda-feira em Roma, aos 94 anos.
A carreira cinematográfica de Antonioni, onde destacam os bons retratos sociais e do interior humano, inclui diversos longas e curtas-metragens.
Antonioni recebeu vários prêmios internacionais, entre eles o Oscar pelo conjunto da obra (1995), a Ordem Legião de Honra da Francesa (1996) e o Prêmio Félix de Academia Européia de Cinema (1993).
O diretor, roteirista e crítico de cinema italiano nasceu em 29 de setembro de 1912 em Ferrara, no norte da Itália, em uma família da alta burguesia.
Começou a carreira escrevendo críticas de cinema nos jornais Il Corriere Padano e L'Italia Libera, em que atacou o cinema fascista de Mussolini, e colaborou com a revista Cinema, de Roma, onde morava desde 1939.
Na capital italiana, Antonioni cursou cinema no Centro Experimental, um dos focos de resistência intelectual ao fascismo.
Suas primeiras experiências práticas no cinema se iniciaram em 1942, como co-diretor do filme Un pilota ritorna de Roberto Rossellini, e de I due Foscari de Enrico Fulchignoni, e como assistente de Marcel Carteira em Os Visitantes da Noite.
Antes da queda do fascismo, rodou o primeiro curta-metragem, A Gente do Pó (1943), que concluiu em 1947.
A "estréia" na direção foi em Crimes da Alma (1950), ao qual se seguiram os longas-metragens Os Vencidos (1952), A Dama sem Camélias (1953), Tentativa de Suícidio (1953), As Amigas (1955) e O Grito (1957).
Em 1960 rodou A Aventura, Prêmio da Crítica do Festival de Cannes e filme que marca o início de sua etapa madura, no qual trabalhou pela primeira vez com a atriz Monica Vitti, musa de quase todos os seus longas e com a qual viveu um longo romance.
Outra das atrizes de Antonioni foi Lucia Bosé, que esteve em Cronaca di un amore e que depois protagonizou A Dama sem Camélias como a personagem Clara Manni.
Depois chegaram A Noite (1961), que recebeu o Urso de Ouro do Festival de Berlim; O Eclipse (1962), Prêmio Especial do júri de Cannes; e O Dilema de uma Vida (1964), Leão de Ouro de Veneza.
Antonioni também recebeu a Palma de Ouro de Cannes por Blow Up - Depois daquele Beijo (Blow Up, 1966), considerada sua obra-prima e a primeira que rodou nos Estados Unidos.
Nas décadas de 70 e 80 dirigiu Zabriskie Point (1970), Profissão: Repórter (1974) e Identificação de uma Mulher (1982), seu primeiro longa-metragem elaborado com técnicas de alta definição.
A partir de 1986, sua aparição no cinema foi ocasional devido a um derrame cerebral que o deixou sem falar e com problemas de mobilidade.
Em 1993 interpretou um oficial de cavalaria mudo no filme do diretor francês Alain Robbe-Grillet A Fortaleza.
Com o alemão Wim Wenders rodou Além das Nuvens (Al di là delle nuvole, 1995), uma co-produção franco-teuto-italiana baseada no livro de Antonioni That Bowling Alley on the Tiber (1983), que ganhou o prêmio da Federação Internacional de Críticos de Cinema (Fipresci) em Veneza.
Ferrara, sua cidade natal, abriga desde 29 de março de 1995 o Museu Antonioni, e a Itália o homenageou em seu 90º aniversário, em 29 de setembro de 2002, por seu "profundo interesse pelas relações humanas, especialmente do casal, e um grande conhecimento da alma feminina".
Michelangelo Antonioni se casou duas vezes, em 1942 com Letizia Balboni e em 1986 com Enrica Fico, com quem compartilhou a paixão pelo cinema.
Fonte: EFE

segunda-feira, 30 de julho de 2007

+ Sobre: "Ingmar Bergman"

Literatus Textualmente Transmissível, por Andrea Augusto.
+ Sobre: "Ingmar Bergman" = LINK JÁ!

Morreu Ingmar Bergman

Ingmar Bergman morreu "calma e pacificamente" anunciou Eva Bergman, sem no entanto precisar as causas exactas da sua morte nem a data.Segundo o jornal sueco Dagens Nyeter, o cineasta morreu hoje de manhã, por volta das 7h00 (6h00 em Lisboa). Corriam há vários meses rumores persistentes sobre a degradação do seu estado de saúde. Homem do cinema e do teatroNascido a 14 de Julho de 1918 em Uppsala, a norte de Estocolmo, Ingmar Bergman realizou ao longo da sua extensa carreira mais de 40 filmes, entre os quais se destacam "Um Verão de Amor" (1951), "O Sétimo Selo" (1957), "Morangos Silvestres" (1957), "Em Busca da Verdade" (1961), "Lágrimas e Suspiros" (1972) "Sonata de Outono" (1978) "Fanny e Alexander" (1982) ou "Saraband" (2003). Além da sua obra cinematográfica, Bergman foi durante toda a vida um homem de teatro, tendo encenado numerosas peças, nomeadamente as do seu ídolo de juventude, August Strindberg. A sua carreira começou no teatro nos anos 40 com um estágio de encenação na Ópera de Estocolmo e em 1960 foi contratado como encenador pelo prestigiado Dramaten, o Teatro real de arte dramática. Foi no entanto o cinema o seu meio de expressão de eleição. "Fazer filmes é para mim um instinto, uma necessidade como comer, beber ou amar", declarou em 1945. Em 1955 alcançou o seu primeiro êxito internacional com a comédia "Sorrisos de uma noite de Verão", mas a partir do final dessa década os seus filmes tornaram-se cada vez mais sombrios, mostrando casais em crise ou seres amargurados pela ausência de Deus. Cineasta das mulheres, como alguns o consideravam, proporcionará os seus mais belos papéis a actrizes como Maj Britt Nilsson, Harriet Andersson, Eva Dahlbeck, Ulla Jacobsson e Liv Ullmann. Teve aventuras amorosas com várias das suas actrizes, casou-se cinco vezes e teve nove filhos. Tratado durante muito tempo com indiferença na Suécia, só muito recentemente foi reconhecido como um grande mestre do cinema no seu país, sendo agora atribuído um Prémio Bergman aos jovens talentos do cinema durante a cerimónia sueca equivalente aos Óscares. Na opinião de Woody Allen, Bergman era "provavelmente o maior artista do cinema desde a invenção da máquina de filmar".
Fonte SAPO

sexta-feira, 27 de julho de 2007

LANÇAMENTO - 27.07.2007

O Lançamento foi sensacional, impulsionado pela banda Cosmorama, pelos poetas locais, performaticos e pelo MC Rogerio Nogueira
Valeu!
Lançamento do Livro "Mesoperiferia"
De: Rogerio Nogueira
Local: Ação Educativa - Rua Gal. Jardim, 660 (prox. Santa Casa)
Data: 27/07/07 - 20:00h. * Foi na sexta-feira.
Com Sarau, performances, manifestações surreais, coquetel e afins...
Em beijo!
Everaldo Ygor
* Segue poema GNU do livro Mesoperiferia...

GNU

Passo estranho daquele Gnu.
Olhava-me comendo
e nunca...
Passo, passo, passo.
Gnu espiral.
Às vezes chovia nele,
E ele comendo.

Gnu fronteiriço de quadras
Passo, passo, passo: a linha não vinha.

Gnu entrevielas, desguarnecido à noite
Em Roland Garros ou em Criciúma
Tanto faz os passos, passos...

Gnu periférico e assíduo no Terminal de Cargas,
Para onde olhava comendo e nunca....

Gnu Fernão Dias...

Rogério Nogueira

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Matamoros


Simplesmente Lindo!


Mais tarde coloco as impressões sobre Matamoros...

Sarau do Trem!


Sarau em Trem!
Simplesmente Paz... No Trem,
Em dias que se repetem em 11 dias de temor.
Sentindo, ouvindo, renascendo...
Na poesia forma - Protesto e Paz
De um confronto interno, conforto interno
Desconforto imóvel
Diante tanta selvageria
Eterno em felicidade e movimento
No som do trem, de nossos corações. No vagão da vida vai.
Sarau em Trem!
Em direção a Serra da Verdade... Na mata encantada.
Na Estação Liberdade da Existência do Ser. Paranapiacaba vamos nós.
Trilhos que levam ao portal da poesia, internos.
O vento na face, voz exaltada!
Um grito liberta a fala, métrica e rima.
Nem métrica nem rima!
Livre da pontuação das leis, apenas verdadeiros suspiros de poetizar...
Um grito apaziguar tanto sofrimento.
Um poema para a serenidade
Um protesto silencioso, cantado baixinho...
Murmurado como de Ser. Movimento sem deixar de Ser.
Algum tempo sem essa guerra insana! Abraçar o outro.
No vagão da Paz Poesia, da cultura marginal, astral. Beijo o outro.
Amigos Poetas, músicos, artistas gerais, gente, vultos e espectros reunidos no poetizar... Outros.
Em volta da fogueira perene, nossa volta, nossa viola.
Para acalentar a mente colonizada
Para mudar o mundo ao som da Poesia Paz. Fotografar.
Para nunca mais parar! O caminho encontrar... Escrever.
Sarau em Trem!
Everaldo Ygor
14.03.2004
Nas horas, infiéis temporais.

“Arte
Revolucionária deve ser uma mágica
capaz de enfeitiçar o Homem a tal ponto que ele não mais suporte viver nesta realidade absurda”
Glauber Rocha

quarta-feira, 25 de julho de 2007

BORBOLETA BLUES

BORBOLETA BLUES - Blue Butterfly

Tomado pela tempestade da saudade
Naufrago de meus pensamentos...
Ela veio e atravessou meu caminho
Sei que a mente e o olhar vão eternar esse movimento
Ela rodopia ao vento com o bater de suas asas
Está longe, longe...

A flor tranqüila espera o seu pouso e eu o meu poema...
A quietude toma conta da natureza
Seus desenhos, suas asas, suas cores...
Contam estórias de vôos, de pousos...
que só o mestre observou...
Das aves que voam e de amores que sobrevoou
E eu espero...
no olhar te desejo

Foi observada e observou amantes que amanheceram
E algumas vezes ousaram tocá-la...
Frágeis asas, corpo seu, saudade minha
Um corpo pequeno as asas cobrem, o corpo grande as asas
levam,
corpo que é corpo e belo, cor que é coração e toca.
Em um abraço mágico ela pousa à flor da pele,
adentra seu néctar e paralisa pôr um segundo,
rodopia e voa...

Roubou o néctar e meu coração na ponta da língua...
Todo o corpo sente o sabor e voa...
A asa veio,
a cor se mistura,
eu espero...

Outra flor, outra rosa, outra saudade...
Um cravo, talvez...
Outra borboleta, talvez...
Um casulo, talvez...
E tudo volta...
Talvez...

Everaldo Ygor, década de 90.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Dias de frio e chuva em Sampa e Cercanias...

Dias de frio e chuva em Sampa e Cercanias...
Chovia muito e o frio pairava na manhã de segunda-feira, ontem dia 23...
Já fazia um bom tempo que havíamos marcado uma visita ao Sítio da Família Busca Pé em Terra Preta. " Essa é a pegada!" Foi a gíria do dia...
Reunimos, eu, Chiquinho (dono do barraco) e o Carlão (eletricista) que iria fazer reparos na rede elétrica local... Pela manhã começamos os preparativos, cerveja, carne, pão e capas de chuva... Eu; folhas de papel em branco, caneta e lápis no bolso... Horas depois, muitas horas, estávamos na estrada esburacada e escorregadia com visão ofuscada pela neblina, a Brasília Amarela 1970 deslizava estrada adentro via Fernão Dias...
Com paradas estratégicas em bares, fomos aquecendo o caminho e nosso motor, conhecendo atalhos até a porteira do sítio em Mato Dentro, lugar mágico encravado na Serra... Cheiro de mato, de chuva, de pensamentos com cheiro da bela MãeTerra. Conheci novas plantas como o Pé de Incenso e a Novalgina... Acreditem, isso nasce do solo, em belas, aromáticas e formosas plantas... Sem perder tempo, preparei minhas mudas debaixo do aguaceiro.
Descemos em progressão na direção do vale, lama escorregadia, encontros com o Pé de Canela, Laranjeiras, Limoeiros, temperos diversos e um gigante e incrível Abacateiro que escalamos logo...
A chuva, não dava trégua, a névoa cobriu o vale e o frio incauto penetrava nossas vestimentas úmidas. Bebericamos, conversamos, contamos causos com o vizinho Sr. Alberto, oriental e profundo conhecedor da historia oral... A solução vem de Portugal de remanso, tomamos então a Bagaceira! Ufa! Que calor...
Churrasco em plena segunda-feira, resistimos à tentação surreal de ficar e não voltar. Tralhas no veículo, destinos traçados para a cinzenta, mata fria e chuvosa Sampa.
No retorno, parada em Mairiporã, mais uma gelada na antiga padaria, relembrando histórias antigas, de como aquela cidade crescera, tudo muda, nós mudamos... Visitamos um grande estabelecimento que comercializa todos os acessórios para Sítios e afins... Uma bela loja no centro, que ainda tem fogões a lenha e artigos bem interessantes e curiosos desde mudas diversas até cutelaria e outras diversidades...
Mais estrada e chuva, a noite cai e nós acendemos nosso farol de milha, abrimos espaços nos entroncamentos e atravessamos a neblina densa, gélida sentido Sampa ainda Esfumaçada...
Atracamos molhados no Bar do Chiquinho, conhaque e mais histórias de aventura de segunda...
Inacreditável, mas real, caminhos em dias de água, friagem que estimula a escrita interior, visitas interiores em lugares que no Déjà Vu diário, nos faz lembrar de lugares que nunca estivemos, ou estivemos em outras dimensões... Ou estamos em nossos dias, enclausurados em nossa própria escrita e tempo. Enfim, apenas estamos escritos...
Everaldo Ygor

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Séries Crônicas Urbanas III - Locais Reais e Imaginários.

Séries Crônicas Urbanas III

Locais Reais e Imaginários.

Um dia após o casamento do camarada Toninho Louco, uma prova real de que até os mitos mudam, crescem e se transformam em novos mitos... Sem dúvida um dos melhores que já fui, festa, conversas, revelações, intrigas e guloseimas a parte, a tertúlia foi iluminada pela cachaça amadeirada pela umburana dos confins do Brasil. Vi pessoas felizes, há tempos não saia para festas, estava guardado empoeirando, estudando e refletindo dias afins esperando o telefone tocar, esperando o chamado que nunca chega. Fechamos o salão e fui discorrer sobre a festa em meu travesseiro. Acordei cedo, uma pequena ressaca pairava na mente. Água gélida na face, diante espelhos de um homem só. De cara na rua, observei o céu azul, lá estava a Lua quase cheia, branca, pairando no claro firmamento azul claro, pairando sob e sobre nuvens esbranquiçadas. A brisa fria teimava em soprar em todas as direções, fiquei contemplando a manhã de domingo inverno antecipado, parado, incauto por minutos afim. Observei na laje vizinha um churrasco em andamento que me lembrou o da festa do dia anterior. Na rua encontrei o casal recém casado, senti falta de meu cão Jack, falecido recentemente, senti falta de um Amor recente, de mar sem fim, senti falta da própria falta. Colar de sândalo no pescoço, permaneci. Fui até um campo, ladeado por uma grande praça próximo de minha antiga casa. Seguindo anúncios de faixas de um espetáculo de Reggae com Andrew Tosh e o DJ China Ken entre outros, camarada das antigas Blaks da Vila Madalena dos anos 80. Caminhei lento, mas ainda era muito cedo, resolvi almoçar em casa de Mãe... Retornando mais tarde ao local do espetáculo, caminhei em círculos concêntricos. Por aquelas paragens já ouvira falar de um Bar das antigas com moda de viola naquela área, nunca encontrei o mesmo, nada. O som já começava a soar na tarde fria de Sampa, na Zona Norte. Sentei em um banco da praça, tomando conta do movimento, tomado pelo flash beck do passado recente em minha mente, pensamentos, sensações, vazios, falas e suores embriagadas ao vento frio, ao Sol, ao som do compasso do coração, da respiração. Caminhei, observei minha carteira quase vazia, ao menos R$ 5,00 para duas cervejas, algumas moedas e nada mais. Tomei distancia do palco, o cheiro do mato das bordas da grande praça estavam no ar, eu estava no ar, uma oferenda, um agdá e algumas rosas... De repente uma passagem de som de outra direção, outro tom. Lá estava ele, um boteco na esquina em frente ao campo, ao palco ao personagem insólito desse e deste conto. Das crônicas urbanas, das cercanias periféricas, dos dias... Definitivamente era o bar Ponteio da Viola. Adentrei ao recinto sem vacilar, ao redor pessoas antigas, observavam estupefatas o evento lá fora. Eu, inebriado apreciava confuso a decoração local. Fui ao balcão lá estava ele, o mestre Tião Carreiro, aquele da dupla Tião Carreiro e Pardinho, Negro de dois metros, olhos que brilham, sorridente organizando a bagunça de um novo velho e sonhador espetáculo que estava por vir. Dono do boteco que seria o porto seguro para dias frios, dias de reclusão de liberdade plena... A figura mágica a mil metros de minha antiga casa e nunca havia percebido sua magia, sua presença. O bar existia anos a fio pelo que apurei no Local. Simples com pôster na parede, pequeno palco no fundo, sempre aos domingos a tarde a Viola Mágica tocava por Lá... Sempre na tarde de domingo! E eu só descobri no último domingo, às vezes estamos cegos diante de verdades tão belas e transformadoras. Uma pérola na perifa. Perguntei tremulo e ingenuamente no balcão: - Você é o cara?!
Em resposta serena, veio a frase do eterno... - A gente faz o que pode, vai tomar uma?
Peguei a cerveja, sentei, dividi atenção dentro e fora do bar, lá longe ecoava as mágicas pick-ups do DJ China Ken, aqui dentro, timidamente o som começava a girar, eu começava a renascer ao som da verdadeira Raiz, de minhas raízes, das raízes profundas dos outros. Os convidados todos das antigas, com CDs lançados, gravadoras, violeiros iniciantes, as duplas e indivíduos que trazem na alma o violar instrumento supremo das notas musicais, de notas regionais, de Elementais da natureza, de amores e trilhas... Ouvi estórias surreais, da estrada da vida, da viola, do respeito, do interior, do nordeste, da saudade, de existências sofridas, mas felizes. Tião Carreiro orquestrava a fuzarca, eu bebia. Levantei logo fui ao balcão parabenizar pelo óbvio, ele sério e sorridente, ofereceu uma pinga para molhar as palavras, de pronto aceitei, e proseamos sobre os jovens Lá fora no som e nós os velhos aqui dentro na Paz... Um dia volto lá e levo o som do Moreno, violeiro irmão para ele apreciar... Tomamos mais uma, contei o causo de compadre Lampião e ele vociferou o causo da Viola, da vida, deu aula que nunca mais esqueço, me calei eternamente e ouvi sua voz com respeito até o dia clarear... – Vai lá Tião! Um domingo extraordinário, que dificilmente vai repetir, vivi alguns momentos belos, uma tarde de luar, surreal aos olhos dos outros, ao meu luar. Comovido ouvi sons melódicos, na certeza incompreensível de estar realmente só nessa caminhada, em dias gélidos, outono inverno em nossas almas, com Sol fraco, dias claros onde o bom e velho vento nem sempre frio ainda teima em mandar mensagens nem sempre decifráveis, sempre... Dividindo nas cinco direções, ao olhar na voz tremula sua mensagem solitária nas Crônicas ou contos Urbanos do Ar, do Sol do Frio, das cercanias periféricas capitais. Sempre!
Everaldo Ygor, Maio – 2007.
* OBS. Em entrevista ao Gazeta Regional em Notícias do Parque Novo Mundo-ZN. Declara: Valdo Reis, o Tião Carreiro de hoje... Compoe hoje a dupla sertaneja Valdo Reis & Platini.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Verba volant, scripta manent...

Verba volant, scripta manent...
Dias no Campo Verde, seco, vivo, água fértil e infértil. Poemas e fogueiras em noites frias.
De 07 até 12 de Julho, Nazaré Paulista, sítio Quatro Irmãs, antigo Girassol.
O fogo de Nazaré, queima vaidades, queima saudades de cidades, ao som poeta de Pablo Neruda ao meu som, ao som da gaita, do caderno da poesia prosa de sabor som Jasmim.
E o tempo? Tempo senhor fumaça de eucalipto, jasmim, hortelã e outras ervas aromáticas. Jasmim de terra prometida aos raros, verde de floresta devassa, de gramados e sons vivos da floresta campo casa sexo gente feliz.
“Para ficar vermelho
Mãos fortes domando potra...
segurando em suas ancas febris
arrancando gritos,
quebrando o silencio da noite
Vendo reluzir um belo sorriso, que riso...” Marrr.
A casa é branca com rede azul na varanda, Ilumina!
Estrelas ao céu e o tilintar de Seres nem muito ou pouco humanos grunhidos, canto dos pássaros, som da cachoeira.
E o Sol, o Sol escondidinho na cozinha do Marrr, está em todo lugar...
E eu, contrariado por Ser apenas eu... Tabacos e comidas, álcool e vinho, gostos e lugares, temperos e temperamentos para apenas uma caminhada semana feliz.
Logo mais o regresso. E o que o futuro guarda? Trabalho, namoro, correria, Sampa, Sol e Frio. Não importa, e sim a porta e janela abrem, guardamos a sensação de mais uma estrada de plantio e colheita Girassol. De portas e janelas transpassadas por fotos que não dizem nada, apenas murmuram a poesia prosa do olhar escondidinho...
Fotos, tralhas de pesca, varas ao Marrr, vento forte no pesqueiro, cevada, reflexões no reflexo do espelho água, face água, do tanque pesca vazio e penso pensamentos, reflexões e fisgadas de água gelada só...
Ao sair, horas antes, horas atrás, o frio chega até o refúgio Girassol, névoa fria, noite sonora de vento forte, ao som de pássaros, ao som de nossas cansadas vozes, ao som da antiga new age da fita K7, que é remanescente da fumaça corpo de fogueira da noite anterior, do quentão que aqueceu a brisa gélida, vinho quente que passou rápido, vinho que avermelhou a noite, fomos e formamos nossas malas e arrumações no refúgio, levados aos caminhos e descaminhos que levam de volta para lugar algum, para as cidades, idades, nem tão belas assim, nem tão férteis assim... Algumas dores retornam, outras fingem acontecer, eu caminho entre casas, ruas e praças, saudades de lá de cá, calado aquecido pela lembrança das Fogueiras Girassóis.
Everaldo Ygor.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Mili Genestreti

Me inquieta o tempo
Que me espera
Os dias que não conheço
E que me interpelam.
Onde se deu a morada,
Ninho de uma linhagem,
Encontrei a convicção instintiva
Da finitude e da impermanência da vida.
Vasculhei memórias,
Recolhi lembranças,
Envoltas em tempo e poeira
Para criar objetos depurados,
Quase biográficos,
E refaço o caminho
No tempo que se pospõe ao tempo
Mili Genestreti

Dia triste em Sampa...

Minhas condolências para todas as famílias e afins...
Ygor

terça-feira, 17 de julho de 2007

Vinhos

Uma parada para um vinho do Porto
Uma caminhada para tirar o chapeu negro
Enxugar a testa suada
Tirar
Um poema para Fernando Pessoa
Um choro e um cancioneiro para a Pessoa
Amada, armada.
Uma folha
Um pensamento
Varias pessoas
Varias prisões.
Veias de vinhos.
Everaldo Ygor
2005

Nada

Tiras finas molhadas fertilizando terra,
Tomamos o banho sagrado em águas límpidas finas molhadas e não a reconhecemos...
Sou humano e esse é o mundo dos mortais, ainda hoje tiro uma tira de seu lindo véu...
O vento sempre trás novas mensagens e não ouvimos nada...
Às vezes soluçamos em vão...
Vão lágrimas na face que brilha...
A dor que liberta, o Amor que constrói.
Amanhecemos, amamos, vivemos e morremos a cada dia...
O calor que tudo vibra nos da o sinal e nem sempre se queimamos...
Nossos amores, nossa vida, palavras impronunciáveis, sentimentos incompreensíveis...
Palavras enormes, parágrafos gigantes não dizem nada...
Não digo nada!
Everaldo Ygor
18/05/06

A poesia é:

A poesia é por natureza, natural...
A embriagues por si só, solitária...
O silêncio silencia o acorde de poesias breves
A indiferença difere de poesias etílicas e frias
Sendo assim toda a poesia nada tem de natural, é assim poesia.
Sem som, quieto, cansado e só, adjetivos da mesma poesia.
Everaldo Ygor.
08/05/06

O Mar...

O Mar mais bonito é aquele que nunca vimos... O Mar mais belo é aquele que não sentimos... O Mar que Amamos é aquele que podemos abraçar, beijar e dividir tudo o que é mais belo e bonito de todos os Mares...
Everaldo Ygor 30/01/2006.

Lápis

Nem dor, nem ar...nem com seu lápis nem com seu bastão, nem com luzes luzes quero dizer, dizer Mar, nunca coisa alguma, mais nada, nem dor nem mais, apenas Marrr...
Everaldo Ygor
26/10/05

Poema para o cão Jack!

Poema Jack, tem nome de gringo, tem nome de bebida, tem nome de Ygor. Pelo amarelo e branco, sonhou em Ser gente e latia a musica das esferas. Eu em Ser Cão Jack. Caminhou junto, dividia seu sorriso, caminhou no Girassol tomou banho de Sol e cachoeira. Morreu correndo e agora brinca em outros planos. Meus planos; cachoeira e banho de Sol. Everaldo Ygor

Bhagavad Gita

Nos versos do Bhagavad Gita, a sublime canção de Krishna, Deus está em tudo o que existe no universo, está em todas as pessoas, está em todas as coisas, como inclusive em nós mesmos, o poema de Krishna aponta para a auto-redenção pela auto-realização através do auto conhecimento, o encontro interior revelará a visão de encontro com todo o resto, a alquimia da unificação de Deus dentro de cada um está no conhecimento de que somos parte do outro, parte do todo e tudo isto pertence a nós mesmos. Bhagavad Gita

Folhas...

Folhas...
As folhas da minha árvore de tronco e membros
Tocam musicas pagans, as folhas escritas de poemas meus
Tocam poemas seus...
De inverno sem folhas, caules nus.
Do meu destino obliquo sinto a brisa etanol em minha face
Sem caules ou folhas, pernas delgadas, linhas escritas
A pluma leve como éter, tem cheiro de fantasmas noturnos.
Sopradas ao vento a mente sai.
Nem rosas nem cravos, pétalas rodeiam...
Fios de alta tensão, energia que se esvai
Sons dos sinos ao longe, bem longe...
Tocam-me sensíveis, toda minha insensatez...
Brumas leves são sopradas eu canto só ao longo das ruas, bares e refúgios ocultos...
Porões...
Everaldo Ygor
Nos dias de Maio...
18 Maio 2007.

Poema Inflexível

Poema Inflexível
Onipresente, sente.
Fisionomias dispersas, falsas. Falas rigorosas de rigor mortis...
Conteudos imutaveis, moveis.
Sensibilidade sem visão, vão.
Coroas, reis entre dentes...
Inflexível vida
De flexível poesia.
Everaldo Ygor
Poema de Segunda.
21 Maio 2007.